O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, reafirmou o compromisso do seu Governo com a África, num esforço para acabar com a controvérsia causada pelos comentários depreciativos feitos em Janeiro pelo Presidente Donald Trump sobre o continente.
"Creio que o compromisso dos Estados Unidos com a África é bastante claro em termos da importância que colocamos na relação. O presidente escreveu uma carta pessoal à UA ", disse Tillerson numa conferência de imprensa realizada nesta quinta-feira, 8, em Addis-Abeba, juntamente com o presidente da Comissão da União Africana (UA), Moussa Faki,
Antes, Tillerson reuniu-se com membros da Comissão.
Na ocasião, Faki confirmou ter recebido uma carta datada de 25 de Janeiro e considerou que "este incidente" ficou "no passado".
O presidente da Comissão da UA acrescentou que a visita de Tillerson é uma prova de que "as relações entre a África e os Estados Unidos são personificadas".
Por seu turno, o secretário de Estado sublinhou que a política de Washington em relação a África assenta-se nos pilares da promoção da paz e segurança, desenvolvimento e comércio e boa governança são três pilares da abordagem de Washington para a África.
Num comentário sobre a proposta da União Africana de assinar umAcordo de Comércio Livre Continental no final deste mês Tillerson reiterou que os Estados Unidos apoiam "os esforços de integração regional económica da União Africana para reduzir as barreiras entre o comércio no continente e impulsionar o comércio intra-regional”.
De Addis-Abeba, o secretário de Estado viaja para Chade, Djibouti, Quénia e Nigéria, considerados aliados dos Estados Unidos na luta contra grupos terroristas como Boko Haram, Al-Shabab e Estado islâmico
Críticas à Administração Trump
Antes da viagem, Rex Tillerson anunciou uma ajuda de 533 milhões de dólares em ajuda humanitária a países africanos que enfrentam conflitos e secas.
O analista da Iniciativa de Crescimento da África do Brookings Intitution, em Washington, Brahima Coulibaly considera positiva essa aproximação.
"O continente está na direcção certa e espero que a administração actual esteja tomando nota e que se envolva com a África nessa mudança”, reitera Coulibaly.
Apesar disso, a Administração Trump está sob fortes críticas por ter reduzido para 2018 o orçamento para o programa de combate à Sida em África.
Ao mesmo tempo que Rex Tillerson anuncia um pacote de cerca de 533 milhões de dólares de ajuda humanitária, a Administração Trump não propôs ainda a assinatura de qualquer iniciativa para ajudar o continente.
"É incomum que um secretário de Estado faça uma viagem como esta e não tenha nenhuma iniciativa para anunciar", destaca Witney Schneidman, membro não residente da Iniciativa de Crescimento da África da Brookings Institution.
Refira-se que desde a posse do Presidente Trump, ele não nomeou o chefe dos diplomatas para África nem embaixadores para as representações diplomáticas na República Democrática do Congo, Somália, África do Sul e mais cinco países africanos.