Prevalece em Nampula a crença sobre "chupa sangue" e a população acusa as autoridades de fomentar o fenómeno.
A crença nasceu há sensivelmente 27 anos, quando a Cruz Vermelha de Moçambique (CVM) fez uma mobilização popular para obter dadores de sangue, quando as províncias de Nampula e Cabo Delgado eram assoladas por doenças como as diarreias agudas, anemia e a malária.
Após a mobilização, a população passou a dizer que as autoridades de saúde, em parceria com as lideranças comunitárias e voluntários da CVM, passavam nas casas das pessoas nas noites para retirar sangue sem que elas percebessem.
Nos distritos de Angoche e Mossuril,por exemplo, o suposto reaparecimento do chupa-sangue este ano levou os profissionais de saúde a fechar o Centro de Saúde local, por algumas horas, temendo actos de vandalismo.
O reaparecimento coincidiu com uma campanha de distribuição de redes mosquiteiras. Três profissionais de saúde foram agredidos.
A directora provincial de saúde, Munira Abuduo, não prestou declarações, alegando desconhecer a origem do fenómeno, que adiantou estar relacionado com a magia negra.
Ao que apuramos, nalguns bairros da capital, as pessoas não dormem e passam a noite a tocar tambores para, segundo dizem, afugentar o "chupa-sangue".
Anastácia Manuel, de 12 anos de idade, residente na zona de Muatala, disse foi atacada pelo "chupa sangue" e acordou a sangrar.
A polícia prendeu na semana passada nove pessoas que, segundo o porta-voz Sérgio Mourinho, divulgaram estas mensagens que são contra a tranquilidade pública.
Mourinho garante que a polícia vai continuar a trabalhar no sentido de eliminar esses comportamentos.