Analistas políticos moçambicanos dizem que o Governo vai ter que garantir à comunidade internacional, que doravante, as forcas de defesa e segurança vão agir em concordância com a lei e não vão tomar posições que sejam
politicamente discutíveis, para recuperar a sua imagem, bastante afectada na seqüência dos incidentes entre a policia e manifestantes que homenageavam o músico Azagaia.
O Presidente Filipe Nyusi lamenta os confrontos e promete tomar medidas para evitar que isso volte a acontecer
O analista político, Jorge Matine diz que a actuação da policia, teve um impacto na confiança e no contrato social que os cidadãos têm com o Estado, sublinhando que a atitude policial foi desproporcional e afectou a imagem do país.
“Penso que o que é importante neste momento é tentar mostrar que se trata de uma situação isolada e garantir que não volta a acontecer, assegurando que a polícia e outras instituições envolvidas na manutenção da ordem e segurança públicas vão agir de acordo com a lei.
Para Matine, é preciso que as forcas da lei e ordem “não tomem posições que sejam politicamente discutíveis em relação à garantia do Estado de direito em Moçambique”.
Por seu turno, o também analista político Constantino Bila afirma que depois de um grande esforço para recuperar a sua imagem fortemente afectada pelas dividas ocultas, Moçambique voltou a perder a sua reputação por causa da má actuação da policia, e agora vai ter que recuperá-la de novo”.
O académico João Feijó diz que isto acontece numa altura em que Moçambique tornou-se membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, “e trata a sua população violando todas as regras internacionais, isto passa uma imagem de um Governo ilegítimo cuja população está descontente”
Feijó anotou que o Governo tinha a oportunidade de chamar os manifestantes, para ouvi-los, “mas não, e reagiu de uma forma brutal”, considerando que a polícia “teve uma atitude muito crítica, e isto vai embaraçar a imagem do país no estrangeiro”.
Para aquele académico, o Governo não suporta a realização de manifestações não controladas, acrescentando que a forma como a polícia reagiu às manifestações traduz a existência de grandes conflitos dentro da Frelimo.
O provedor da justiça Isac Chande considera, no entanto, que era possível a polícia encontrar formas de actuação que não resultassem em feridos, sublinhando ser necessário aprender a lidar com novas realidades, “porque sempre vamos ter manifestações, é preciso saber lidar com manifestações, para que não haja feridos”.
Entretanto, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, lamentou os confrontos e prometeu tomar medidas para evitar que isso volte a acontecer.
“Face aos acontecimentos na capital moçambicana, Maputo, orientámos o Ministério do Interior para que proceda com a averiguação das razões que levaram a polícia da República de Moçambique a adoptar uma postura de confronto físico com os jovens e igualmente a identificar aqueles que procuram se aproveitar da virtude individual do jovem rapper Azagaia para atingir os seus intentos", disse Nyusi nesta quinta-feira, 23, na Academia de Ciências Policiais, em Maputo.
Ele disse lamentar o sucedido e e prometeu tomar "as devidas medidas para clarificar o sucedido e para prevenir que estas situações voltem a acontecer”.
Activistas e líderes políticos acusaram a Polícia pela violência, enquanto a corporação atribuiu essa responsabilidade aos promotores das marchas.
No total, foram detidos e processados criminalmente 108 cidadãos, enquanto 36 respondem em liberdade aos processos.
Nos confrontos, segundo a PRM, 14 pessoas ficaram feridas, das quais uma continua internada.
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