O deputado da Renamo e ex-candidato do partido a governador da província moçambicana de Manica, Alfredo Magumisse, assumiu a derrota do partido nas eleições gerais, e atribuiu a culpa dos “piores resultados” de sempre ao líder do partido, Ossufo Momade, que continua em silêncio desde 9 de Outubro.
O ex-dirigente da Renamo falava na quinta-feira, 17, em Chimoio, a capital de Manica, nas celebrações do aniversário de nascimento de André Matsangaisse, um dos co-fundadores da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).
O também ex-membro da Comissão Política da Renamo, considera os resultados da Renamo como os piores na história da democracia em Moçambique, afirmando que o partido não conseguiu traçar um manifesto eleitoral convincente.
“Essa pode ser a pior derrota da Renamo na história da democracia em Moçambique”, disse Magumisse para quem a Renamo está cada vez mais afastada “do centro do poder, e no meu ponto de vista, é que tanto o desempenho do presidente (Ossufo Momade), tanto do partido Renamo, foi mau”.
O político, que concorreu em Maio ao cargo do presidente do partido, entende que a Renamo precisa fazer uma leitura minuciosa dos atuais resultados preliminares divulgados pelos órgãos eleitorais, e que dão vitoria a Frelimo e o seu candidato e afastam a Renamo e o seu candidato para a terceira posição, perdendo o lugar do segundo mais votado.
O antigo candidato à presidência da Renamo fez notar que o partido caiu de 51 deputados “para cerca dos 20 deputados” pelo que o partido tem que fazer “uma reflexão” sobre “o castigo” que recebeu do eleitorado , sobre ““o que falhou no nosso manifesto”.
Ele pediu responsabilização aos dirigentes que estiveram a frente do desenho do manifesto do partido.
“Dentro dos órgãos do partido Renamo tem que haver responsabilização. Os membros do partido devem ter a coragem de encontrar quem é o responsável por esse desaire”, vincou, e realçou que “eu acho que a primeira pessoa que devia assumir isso é o presidente do partido, depois de ver os seus votos, a sua percentagem a nível nacional e ver a percentagem do partido a nível nacional.
Ele tem de “fazer uma reflexão profunda se ele dirigiu o partido como devia ser para os objetivos que era alcançar o poder” pois “ao invés de melhorar, pioramos”.
Entretanto, analistas moçambicanos que igualmente consideram a Renamo como o maior perdedor destas eleições, vincam que o atual maior partido da oposição, precisa desenhar estratégias que o mantenham sustentável e ativo no cenário politico até as eleições gerais de 2029.
O analista politico, Sande Carmona, observa que a Renamo foi vitima de si mesmo, ao não ter feito leituras do contexto politico, e alinhar a sua visão estratégica com o desenvolvimento do país e os anseios da população.
“É vitima de si porque não conseguiu fazer leituras, daí que o povo moçambicano não é o mesmo de ontem e acaba tomando atitudes que penalizam de certa forma algumas formações políticas porque se encontram desajustados com aquilo que são os anseios do próprio povo moçambicano”, explicou Sande Carmona, e acrescentou que a população se interessa pelas estratégias de desenvolvimento e não por ideologias dos partidos políticos.
Face a situação, Sande Carmona, traça um cenário assombroso da sobrevivência da Renamo com a perda da sua posição no cenário politico do país.
“Vai ressentir-se nos seus cofres, vai ressentir-se na sua finança, vai ressentir-se na sua organização, porque já havia essa fatia que recebia do estado a partir da representação parlamentar, e diminuindo os mandatos no parlamento, naturalmente o bolo vai quebrar-se, portanto e isso vai criar situações de organização no partido”, afirmou.
Por sua vez, Dércio Alfazema, outro analista politico, defende que com a derrota “a Renamo perde a sua capacidade de arrecadação de receitas com as quotas dos membros, e vai ter seu líder desprotegido, e a Renamo corre riscos ter uma situação de aperto financeiro até para atender suas necessidades básicas”.
Ele desafiou a Renamo a se reestruturar e a lutar para não voltar a ser penalizado nas próximas eleições e perder a sua relevância politica no cenário nacional.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) deverá anunciar os resultados das eleições a 24 de Outubro, passados 15 dias após o fecho das urnas, e caberá o Conselho Constitucional a proclamação dos resultados.
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