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Renamo com nova secretária-geral e desafios antigos


Líder da Renamo, Ossufo Momade, em campanha eleitoral para as Eleições de 15 de Outubro em Moçambique
Líder da Renamo, Ossufo Momade, em campanha eleitoral para as Eleições de 15 de Outubro em Moçambique

Clementina Bomba foi a escolhida por Ossufo Momade

Clementina Bomba é a nova secretária-geral da Renamo, indicada pelo Conselho Nacional do partido, na reunião realizada na segunda-feira, 12, na Beira.

Entretanto, um grupo liderado por um membro sénior daquela formação política exigia a realização de um congresso extraordinário para escolher um novo Presidente porque o actual, Ossufo Momade, "já não tem ligitimidade a nivel nacional".

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Para analistas políticos, esta situação resulta do facto de a Renamo, desde a morte do seu líder histórico, Afonso Dhlakama, em 2018, ter sempre mostrado grandes fissuras internas, que têm sido prejudiciais para o partido.

A reunião visava apresentar Bomba, nomeada por Ossufo Momade, e debruçar-se sobre o próximo ciclo eleitoral em Moçambique, que começa em 2023, com as eleições municipais.

O grupo antagonista de Ossufo Momade, liderado por Sandura Ambrósio, membro suplente do Conselho Nacional da Renamo, diz que não sabe como é que o partido vai participar nas próximas eleições porque "a Renamo não tem rumo, por isso precisa de se reestruturar".

Ambrósio referiu que "a Renamo já não é Partido da oposição porque não tem posição, o actual presidente já tem grande legitimidade a nível nacional. o presidente Afonso Dhlakama não deixou a Renamo dividida.

O analista político Tomás Vieira Mário diz que isto não surpreende porque a Renamo, desde a morte de Afonso Dhlakama, ainda não se reencontrou sem essa figura carismática daquele partido.

"Há uma ala na Renamo, a ala ndau, do centro de Moçambique, que não se conforma com a liderança de Ossufo Momade, que é macua da Ilha de Moçambique, em Nampula, é uma cisão que não é nova e que agora com a aproximação de períodos eleitorais é capaz até de se exacerbar para outros fins", realça aquele analista.

Ele recorda que logo a seguir à morte de Dhlakama, houve a cisão da qual nasceu a chamada Junta Militar da Renamo, que contestava, exactamente, a liderança de Ossufo Momade, e aparentemente, esta questão não ficou resolvida.

Na perspectiva de Tomás Vieira Mário, o reencontro da Renamo passa por uma série de coisas, provavelmente uma engenharia interna de distribuição de poderes e representantividade nos órgãos centrais do partido para acomodar interesses e regiões.

Uma engenharia interna que na opinião daquele analista pode não ser facilitada no ambiente presente, "ou então podemos vir a encontrar um outro formato de Junta da Renamo que poderá não ser militar, mas uma outra facção, como já existiu a Renamo democrática".

Tomás Vieira Mário considera que já foi descartada como sendo uma estratégia do Partido no poder em Moçambique, Frelimo, para enfraquecer a Renamo em véspera de mais um período eleitoral.

Ele assinala ainda que "há muitas hipóteses abertas, e uma delas seria um compromisso interno da partilha do poder respeitando as diferenças étnicas, regionais e a origem histórica da Renamo, que está associada ao grupo ndau/sena e não ao grupo macua, que parece ser agora o grupo mais proeminente no partido".

O também analista político Laurindos Macuácua diz, por seu turno, que Ossufo Momade não está a conseguir aproveitar o facto de a Frelimo estar a atravessar o seu pior momento, em termos de aceitação popular, para capitalizar a Renamo.

Para Macuácua, existe muito trabalho a ser feito por Ossufo Momade, realçando que "isto sucede numa altura em que o grande adversário da Renamo, a Frelimo, tem dado motivos para que a Renamo brilhe, mas ela não tem sabido aproveitar-se dessas chances todas".

Ele ainda anota que Ossumo Momade "tem muitas fragilidades, uma das quais se traduz no facto de a Renamo pretender coligar-se com partidos fragilizados para participar nos próximos pleitos eleitorais, isto significa que a Renamo, sozinha, não tem capacidade de enfrentar a Frelimo".

"É curioso que as guerras na Renamo começam sempre em véspera de eleições, pensemos nós que se realize esse congresso extraordinário e seja eleito um novo presidente, mas quando é que o novo líder vai trabalhar para ser conhecido pelo eleitorado, uma vez que falta pouco tempo para a realização das eleições?", interroga-se.

Para o director do Centro de Integridade Pública (CIP), o grande problema da Renamo é Ossufo Momade, "que não apresenta qualquer tipo de proposta para a solução dos problemas deste país; quando se precisa da Renamo e de Ossufo Momade para discutir questões importantes do país, ele não aparece".

No final do encontro do Conselho Nacional da Renamo, Ossufo Momade apelou a uma maior coesão do Partido, para ganhar as próximas eleições.

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