A Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique, acusou esta sexta-feira, 23, as Forças de Defesa e Segurança (FDS) de terem executado a tiros o dirigente do partido no distrito de Moatize, Tete, e considerou “caótica” a perseguição contra os seus membros.
António Muchanga, porta-voz da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), disse à VOA que Armindo Nkutche, delegado distrital da Renamo em Moatize e membro da Assembleia Provincial de Tete, terá sido assassinado a tiros por membros das FDS, à semelhança de outros vários “dirigentes e membros do partido executados pelo regime”.
“Então a situação é séria. A situação está caótica”, precisou Muchanga, acusando as forças estatais de terem avolumado a perseguição contra o partido.
“Não é terceira, quarta ou décima coisa (baleamento) essa, já houve morte de um membro em Funhalouro, já houve o baleamento do vice-presidente da Assembleia provincial de Inhambane depois de discursar, igual ao caso de Tete, já houve tantos baleamentos”, frisou António Muchanga,
Por sua vez, Lurdes Ferreira, porta-voz do comando da Polícia de Tete, disse que foi aberto um processo crime contra desconhecidos e iniciada uma investigação, inicialmente junto à familia a parentes para apurar se haviam motivações para o seu baleamento.
“Mas também a Polícia está preocupada por o crime ter ocorrido na via pública e com uma arma de fogo”, sublinhou Ferreira, adiantando que a Polícia tomará um posicionamento em breve sobre o incidente.
O delegado distrital de Moatize e membro da Assembleia Provincial de Tete, pela oposição Renamo, foi morto a tiros na via pública na quinta-feira, 22, momentos depois de discursar no encerramento da 5ª sessão do órgão que fiscaliza o Governo, tendo o partido atribuido a acção ao esquadrão da morte.
Armindo Nkutche, que chefiava a comissão da função publica e poder local na Assembleia Provincial de Tete, foi executado com seis tiros no passeio de uma das ruas mais movimentadas de Moatize, quando regressava da sessão.
A instabilidade militar tem marcado nos últimos meses a região centro de Moçambique, com relatos de confrontos entre o braço armado da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança, além de denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes.
A Renamo recusa-se a aceitar os resultados das eleições gerais de 2014, ganhas oficialmente pela Frelimo, e exige governar em seis províncias onde reivindica vitória no escrutínio.