A Fundação Save the Children publicou um novo relatório segundo o qual 30 países encontram-se altamente vulneráveis a uma epidemia parecida com a da ébola. O documento indica que tais países têm um sistema de saúde pior do que os de países como Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leão antes da epidemia da doença.
O relatório intitula-se “Grito de alerta: Lições da Ébola para os Sistemas de Saúde do Mundo”.
Brendan Cox, director de políticas e advocacia da organização, explica o objectivo do documento: “O que nós esperamos é que de todo o horror, da dor e do sofrimento que vieram como resultado da crise de ébola, algum bem venha também, que nós iremos aprender as lições. E também, como o nome do relatório diz, nós queremos alertar a comunidade internacional. Isso quer dizer que nós precisamos melhorar muito em não apenas gerenciar crises como a da ébola, mas tentar evitá-as".
Cox diz que países com sistemas de saúde fracos são as principais áreas para epidemias do tipo.
"Quando você compara um país como a Libéria, que tem um funcionário de saúde pública para cada 4 mil pessoas, com o Reino Unido, com um para cada 80, por exemplo, não é surpreendente que esses países sejam susceptíveis a epidemias do tipo. Mas eles também podem incubar doenças que se espalham pelo resto do mundo”, explica.
O relatório da Save the Children apresenta uma lista de28 países como altamente vulneráveis a epidemias como a do ébola na África Ocidental.
“A maioria deles está na África, mas os países variam, vão do Haiti ao Afeganistão, em todo o mundo, mas obviamente o foco maior está nos países mais pobres. Há uma série de países, alguns com uma população muito grande, que correm perigo de uma epidemia desse tipo de doenças”, de acordo com o relatório.
Cox diz que a ameaça não é apenas da ébola, mas que duas novas doenças zoonóticas – aquelas que são transmitidas de animais para humanos – surgem todos os anos.
É estimado que doadores arrecadaram cerca de 4,3 mil milhoes de dólares para lutar contra o ébola na África Ocidental.
“A não ser que o mundo aprenda que a prevenção é melhor que a cura, nós iremos continuar a gastar muito mais do que é preciso. E o mais importante, continuará a existir sofrimento humano que seria facilmente evitado. Então é por isso que nós estamos dizendo: Aprenda a lição. Invista em sistemas de saúde. Construa um sistema básico de saúde pública. E essa é a principal lição dessa crise", diz Brendan Cox.
Aquele responsável afirma que sistemas de saúde ineficientes contribuem para a morte de 17 mil crianças todos os dias, por causas que podem ser prevenidas, como malária e pneumonia.
A Organização Mundial da Saúde estima que custaria 90 dólares por pessoa anualmente para o Estado prover um sistema de saúde mínimo.
O relatório da Fundação Save the Children recomenda que países aumentem a sua arrecadação tributária para que possam destinar pelo menos 15 por cento do seu orçamento para a saúde pública.
O documento também defende que os líderes mundiais se comprometam a acabar com as mortes maternas, de recém-nascidos e de crianças que podem ser prevenidas até 2030.