Um relatório da Administração americana revela que o Governo da Etiópia conduz "uma campanha sistemática de limpeza étnica" sob o manto da guerra na região de Tigray, amplamente controlada pelas milícias Amhara no norte do país.
O New York Times, que teve acesso ao documento elaborado no início de Fevereiro, diz que o relatório descreve "em termos rígidos uma terra de casas saqueadas e vilas desertas, onde dezenas de milhares de pessoas estão desaparecidas".
O mesmo jornal acrescenta que o relatório conclui que oficiais etíopes e milicianos aliados da região vizinha de Amhara, que se mudaram para Tigray em apoio ao primeiro-ministro Abiy Ahmed, estão "deliberadamente e eficientemente tornando Tigray Ocidental etnicamente homogéneo através do uso organizado da força e intimidação”.
O documento afirma que algumas pessoas fugiram para o mato ou cruzaram ilegalmente para o Sudão, enquanto outras foram presas e realojadas à força noutras partes de Tigray.
Secretário de Estado pede acções
No sábado, 27, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que os Estados Unidos estão "seriamente preocupados com relatos de atrocidades e a deterioração geral da situação em Tigray".
Os EUA “repetidamente engajaram o Governo etíope sobre a importância de acabar com a violência, garantir o acesso humanitário desimpedido ao Tigray e permitir uma investigação internacional completa e independente de todos os relatos de violações, abusos e atrocidades dos direitos humanos”, disse Blinken, acrescentando que os responsáveis por eles "devem ser responsabilizados".
O chefe da diplomacia americana apelou à União Africana e aos parceiros regionais e internacionais a trabalharem com os EUA para "enfrentar a crise no Tigray, inclusive através de acções na ONU e noutros órgãos relevantes."
Blinken sublinhou ainda que a “retirada imediata das forças da Eritreia e das forças regionais de Amhara de Tigray são os primeiros passos essnciais" a tomar pelo Governo, acompanhados de “declarações unilaterais de cessação das hostilidades por todas as partes no conflito e um compromisso de permitir a entrega livre de assistência às pessoas em Tigray".
O líder republicano no Comité de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes, Michael McCaul, também emitiu uma declaração no sábado, no qual insta o Governo de Joe Biden "a tomar medidas decisivas para responsabilizar os responsáveis por quaisquer atrocidades cometidas" na região de Tigray.