Uma eventual intervenção do Reino Unido em iniciativas tendentes à pacificação em Moçambique pode ser mais produtiva do que a da África do Sul, cujo Presidente, Jacob Zuma teria muitas dificuldades em ser imparcial no diálogo entre a Renamo e o Governo, dado o forte relacionamento existente entre o ANC e a Frelimo.
Este é o entendimento de alguns analistas frente ao pedido feito ontem pelo Presidente moçambicano ao ministro britânico para o Desenvolvimento Internacional, Nicholas Hurd, no sentido de convencer o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, a aceitar dialogar com o Governo.
O pedido do estadista moçambicano foi feito semanas depois de Dhlakama ter aludido a um hipotético interesse do Presidente sul-africano, Jacob Zuma, em mediar o diálogo político em Moçambique.
"O Presidente Zuma aceita ajudar os moçambicanos a encontrarem uma solução para o seu conflito", destacou, na ocasião, o líder da Renamo.
O jornalista Fernando Mbanze diz que respeita a posição soberana de Afonso Dhlakama, mas põe em causa a imparcialidade do Presidente sul-africano, numa eventual mediação do conflito moçambicano.
"Tenho muitas reticências em relação à capacidade de Jacob Zuma para mediar um processo em que uma das partes da contenda é uma entidade que a história já mostrou ter uma relação firme e intensa com a Frelimo", destacou.
Por seu lado, o jurista Gilberto Mário considera que a solução para o conflito moçambicano está nas mãos do presidente da Renamo e do Chefe de Estado moçambicano, realçando que os outros intervenientes "só podem vir ajudar".
Entretanto, outras correntes de opinião afirmam que o envolvimento de outras pessoas nos esforços para a busca de paz é importante porque pode ajudar a diminuir as desconfianças entre as partes em conflito.
Ontem, o ministro britânico para o Desenvolvimento Internacional revelou não existir confiança entre o Governo e a Renamo, facto que dificulta uma acordo entre as partes.
Nick Hurd fez estas declarações nesta terça-feira no Aeroporto Internacional de Maputo e depois de ter mantido um contacto telefónico com o presidente da Renamo.
"Há falta de confiança entre as partes", revelou Hurd que fez um apelo às partes para procurarem a reconciliação em vez "do regresso à violência e à guerra".
Para o governante britânico, a "solução está agora nas mãos da sociedade civil e líderes comunitários", sem dar mais pormenores.