O Comité Representativo dos Refugiados no campo de Maratane, na província moçambicana de Nampula, denuncia o enriquecimento ilícito de alguns responsáveis à custa do apoio destinado aos deslocados, na sua maioria provenientes da República Democrática do Congo, Ruanda, Burundi e Somália.
Apesar de não apontarem nomes, os refugiados de Maratane dizem que, por esse motivo, eles vivem na pobreza extrema.
E a título de exemplo, referem que a educação e o sistema sanitário são deficientes.
Perto de 10 mil refugiados vivem em Maratane, o maior campo de refugiados do país, que possui apenas uma unidade hospitalar em más condições, sem medicamentos e com pessoal de saúde sem qualificação.
Cerca de 100 pacientes são atendidos por dia, sendo as principais doenças a malária, o VIH/Sida, a mal nutrição e os problemas respiratórios.
Por seu lado, a educação das crianças é garantida apenas por uma escola primária, o que significa que para continuar os estudos, após esse nível, os alunos têm de ir à capital, Nampula que está a sensivelmente 30 quilómetros.
Mas as denúncias não páram.
Os refugiados dizem enfrentar dificuldades de alimentação, havendo casos de fome e má nutrição, principalmente das crianças.
Afirmam ainda que o sistema de distribuição de comida não é transparente
Isabel Marques, representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados em Moçambique, reconhece a dura situação dos refugiadose refere que o seu organismo está a envidar esforços para criar melhores condições.
Marques lembra que os refugiados deixaram as suas terras, mas não os seus sonhos.
Moçambique tem 22 mil cidadãos a viver na condição de refugiados, na sua maioria da República Democrática do Congo, Ruanda, Burundi e Somália.