Angola está de novo a avaliar planos para uma refinaria de petróleo no Lobito depois de um concurso internacional não ter produzido propostas de agrado ao governo.
Aspectos financeiros e alegadamente relacionados com a proposta técnica de investidores chineses pela qual toda a produção teria que ser enviada pra a China foram rejeitadas pelo governo angolano.
Tudo indica que a Sonangol, que falhou o anúncio do vencedor do concurso público internacional, vai avançar sozinha na construção devido ao que chama de divergências financeiras com os candidatos algo que um especialista e antigo funcionário da companhia avisa trazer riscos enormes.
O Presidente da República, João Lourenço, falou recentemente num “pequeno problema” naquela que será a maior refinaria do país, projectada para processar 200 mil barris de petróleo por dia, e o secretário de Estado para o Petróleo, Gás e Petroquímica, José Barroso, nesta quinta-feira, 2, em Benguela, ajudou a descortinar os entraves.
Na abertura do VII Conselho Consultivo do Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, José Barroso disse que a Sonangol voltou aos estudos de viabilidade para uma produção a respeitar o lado ambiental
“Infelizmente, as propostas recebidas não satisfazem nem a Sonangol… e estou a falar de propostas financeiras e técnicas. No geral, estavam muito para lá daquilo que era necessário, nós estamos em estudos de viabilidade, é nosso propósito que não custe mais de 5 mil milhões de dólares”, explicou o governante.
As autoridades não querem custos superiores a essa quantia , como os que foram apresentados pelo quinteto de empresas, dominado por chineses, mas o economista e político Filomeno Vieira Lopes, especialista em questões de petróleo, lembra que a falta de parceiros foi sempre uma condicionante ao longo de uma década e meia.
“Havia parceria com a Sinotec, que pedia uma formulação, que é o doseamento químico adaptado a refinarias chinesas, mas tínhamos de vender tudo a eles. Naturalmente, isto, como estava fora da estratégia, que era primeiro o mercado interno e segundo o regional, não foi aceite”, explicou Vieira Lopes para quem contudo “é um erro neste sistema capitalista” avançar-se sozinho.
Para Vieira Lopes quadro reformado da Sonangol, o tipo de projecto exige uma parceria internacional que crie bases para a sua rentabilidade.
“Deve haver sempre partilha e deve-se tentar convencer todos aqueles que exploram petróleo no país, para que sejam fornecedores e que possam também tirar benefícios disso”, salienta, admitindo que “possa haver problemas nisso”.
Os trabalhos preliminares, como a construção de um terminal marítimo, estradas para a descarga de mercadoria pesada e terraplanagem do espaço, consumiram já cerca de mil milhões de dólares, praticamente o preço da refinaria de Cabinda.
Angola espera produzir até 2025 160 mil barris de refinados, contando com a refinaria do Soyo, esperando que o aumento da produção na de Luanda baixe o preço da gasolina, conforme prometeu o Presidente da República.
Vários académicos lembram que o curso de Refinação de Petróleo no Instituto Jean Piaget, com inúmeras gerações de graduados sem espaço no mercado de trabalho, foi pensado com base na refinaria do Lobito.