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Recusou regravar entrevista com Fidel Castro e recebeu uma garrafa de rum


Florestan Fernandes Júnior, jornalista brasileiro, e Fidel Castro
Florestan Fernandes Júnior, jornalista brasileiro, e Fidel Castro

Jornalista brasileiro Florestan Fernandes Júnior bateu o pé ao líder da Revolução Cubana.

Entrevistar Fidel Castro constitui um desejo de qualquer jornalista que se interessava pela política internacional nos últimos 57 anos e poucos foram os que o conseguiram.

Recusar regravar uma entrevista com “El Comandante”, a pedido dele, não foi privilégio de muitos, particularmente para quem pretendia regressar a Cuba para realizar um documentário.

O brasileiro Florestán Fernandes Júnior, no entanto, não apenas entrevistou Castro, como regressou ao país e recebeu um presente do líder da Revolução Cubana.

Em 1990, aquando da posse do Presidente brasileiro Fernando Collor de Mello, aquele jornalista entrevistou Fidel Castro, que estava interessado numa aproximação ao gigante sul-americano.

Questionado por Florestán sobre a sua posição acerca do massacre de Tiannamen, Castro foi peremptório “ao apoiar a atitude das autoridades chinesas”.

Florestan Fernandes Júnior, jornalista brasileiro
Florestan Fernandes Júnior, jornalista brasileiro

“Ele considerou que a imprensa estava enganada e que foram os estudantes que atacaram os militares que tiveram de ser hospitalizados”, conta aquele jornalista brasileiro em conversa com a VOA.

Noutro trecho, Florestán Fernandes Júnior perguntou ao líder cubano se ele teria uma atitude semelhante ao que disse que “sim”.

“Castro respondeu que um revolucionário deve defender sempre a revolução, mesmo em minoria”, diz Florestán, adiantando que Fidel apresentou o “exemplo da Revolução Cubana”.

Finda a entrevista, Florestán foi para a sala de montagem quando, de repente, foi surpreendido por Castro que pediu para regravar a entrevista.

“Ele terá sido avisado por algum assessor de que a resposta teria uma grande repercussão em virtude de que a entrevista ia sair no segundo canal de televisão do Brasil e seria acompanhada em todo o mundo, como veio a acontecer”, acrescenta o jornalista que recusou regravar a entrevista.

“Disse-lhe que não era necessário, que tinha ficado bem, ao que me respondeu que talvez não tivesse entendido, mas garanti-lhe que tinha compreendido tudo, e quando viu que não ia recuar, foi-se embora”, conta Fernandes Júnior.

Anos mais tarde, o jornalista foi a Cuba fazer um documentário sobre o turismo de saúde em Cuba e pensou que “iria sofrer represálias ou que seria impedido de entrar no país”,

Ao contrário das suas suspeitas, Florestán fez o seu trabalho sem qualquer interferência e o “documentário até ganhou um prémio no Brasil”, pois mostrou, pela primeira vez, o tratamento de “alta qualidade que era oferecido a turistas”.

Um novo regresso a Cuba, agora na qualidade de turista, volta a levantar em Floristán um certo temor, embora, segundo diz, tenha ficado com a ideia de que o documentário “caiu bem na ilha”.

O certo é que à chegada ao Aeroporto Internacional José Martí, o jornalista teve uma surpresa.

“À minha espera estava um membro do Partido Comunista Cubano “com uma garrafa de rum de 21 anos e um cartão com os cumprimentos do “El Comandante”.

Florestán Fernandes Júnior tem uma ampla experiência em telejornalismo com passagens pelas principais redações e emissoras do Brasil, entre elas Globo, TV Manchete e TV Cultura

Nos últimos anos foi gerente executivo de jornalismo da TV Brasil e apresentador do Repórter Brasil.

Natural de São Paulo e formado em jornalismo é freelancer com trabalhos em publicações, sites e blogs.

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