A morte do deputado e “primeiro-ministro” do Governo da Unita, Raúl Danda suscitou reacções logo após a notícia na manhã deste sábado, 8.
Desde o grupo parlamentar a Unita, colegas de partido a amigos, passando por pessoas do poder, todos destacam a “perda sofrida por Angola” de alguém que ainda tinha muito para dar.
Em comunicado, o grupo parlamentar da Unita, que ele presidiu até 2019, disse que Danda “inspirou várias gerações no partido e na sociedade, pela sua dedicação às causas em que acreditou, pelas suas contundentes e bem fundadas intervenções nos debates parlamentares e demais espaços públicos, sempre acompanhadas de um ditado em Ibinda, sua língua maternal”.
Os colegas lembram alguém “de trato fácil e sempre disposto a servir”, que “colocou-se sempre à disposição para qualquer solicitação do grupo parlamentar, para o cumprimento de tarefas de programação, no contacto com os cidadãos e no apoio moral e material aos que dele precisassem”.
Ainda segundo a nota, que apresenta os pêsames à familia, Raúl Danda “foi um quadro exemplar, patriota destemido, poliglota, homem de letras, de cultura e de arte, mobilizador e defensor acérrimo dos menos equipados e da identidade angolana e africana, tendo servido com brio e dedicação as tarefas incumbidas”.
O deputado Adriano Sapinhãla lembra Raúl Danda como “cidadão e político que se adaptava a qualquer contexto” e, embora tenha dito estar ainda sem reacção ante a notícia, realçou que foi uma “perda maior” porque “perdeu-se alguém que tinha ainda muito para dar ao país”.
O jurista e jornalista Carlos Veiga, que trabalhou na Rádio Nacional de Angola com Raúl Danda, quem era o seu editor, lembra das competências técnicas dele.
“Ninguém pode negar a figura de Raúl Danda, uma figura muito eclética”, conclui Veiga.
Lourenço Bento (UNITA), jornalista colega de Danda nas matas, realça que, enquanto profissional da imprensa, “notabilizou-se por fazer bem as coisas e que não se coibia de partilhar o seu saber dos demais”.
As reacções à morte do deputado e “primeiro-ministro” do Governo sombra da Unita surgiram também do lado do partido no poder.
O general e antigo governador Higino Carneiro escreveu na sua página do Facebook que “Angola perde uma figura carismática própria do seu tempo”.
“Acho que nos tolerávamos”, acrescentou o general que revelou ter sido ele, com a autorização do antigo Presidente José Eduardo dos Santos, a levar Danda do Negage para Luanda em 1995.
Ele descreveu Danda como “combativo, persuasivo, teimoso no bom sentido, algumas vezes inconveniente no gracejo, mas tolerável”.
Por seu turno, o ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Manuel Homem, divulgou uma mensagem na qual considera que a morte de Raúl Danda é “uma grande perda no cenário político angolano, onde deu valiosa contribuição para a constituição e consolidação do Estado democrático de direito.
O antigo jornalista e ex-vice-presidente da Unita, até 2019, sofreu um ataque cardiovascular hemorrágico, quadro agravado por ser hipertenso e sofrer de diabetes, e faleceu numa clínica em Luanda, aos 63 anos.