“Ele está bem, em termos gerais, está bem. Está com as duas pernas e o braço esquerdo fraturado. Ele come e conversa”, diz a esposa de Ericino de Salema à VOA.
Salema foi raptado e agredido esta semana por desconhecidos em Maputo. Foi encontrado distante do local do rapto e socorrido.
“Em nenhum momento esteve inconsciente. Para eu saber onde ele estava, ele é que deu o meu número aos senhores que me informaram, e eu deu instruções para levarem-lhe ao hospital”, conta Neusa.
Salema será submetido a cirurgias e Neusa diz que “não há previsão da duração de tratamento”.
Nyusi pode fazer mais
Entretanto, organizações de defesa de direitos humanos continuam a exigir às autoridades moçambicanas uma resposta a actos contra jornalistas e fazedores de opinião.
Na quinta-feira, 28, um grupo de jornalistas pediu um encontro com o presidente da República, Filipe Nyusi, para exigir a sua intervenção.
“Nós pensamos que o presidente da República tem uma responsabilidade acrescida para garantir a segurança, é o Comandante em Chefe das Forças de Defesa e Segurança (…) e estas não estão a garantir a segurança dos cidadãos”, diz Borges Nhamirre, do Comité de Emergência para Defesa da Liberdade de Imprensa e de Expressão.
Com esta intenção, acentua Nhamirre “queremos explicar que estamos preocupados e pensamos ele pode fazer um pouco mais do que está a fazer”.
Punição exemplar
Além de profissional de comunicação, Salema é membro da Ordem de Advogados, que também repudia a agressão e exige justiça.
“Esperamos que as autoridades competentes desenvolvam um trabalho aprofundado no sentido de identificar rapidamente os autores morais e materiais e sejam exemplarmente punidos”, pede o Bastonário Flávio Menete.
Moçambique, diz Menete, não pode “correr o risco de vestir o rótulo de espaço onde as coisas acontecem e reina a impunidade”.
Jornalistas corajosos
Com um sistema de justiça fraco, “as probabilidades de desenvolvimento são exíguas e nós pretendemos ser um país desenvolvido,” diz.
O director de comunicação da Amnistia Internacional - África Austral, Robert Chivambo, foi a Maputo para se juntar ao movimento de pressão.
Ele diz que o rapto e agressão tinha como “objectivo intimidar os que defendem a liberdade de expressão”.
Chivambo não tem dúvidas que a agressão contra Salema foi um ataque à liberdade de expressão, mas diz que viu em “Moçambique Jornalistas corajosos que mostram que continuarão a trabalhar” na denúncia de corrupção e outras violações.