A absolvição dos jornalistas angolanos Rafael Marques e Mariano Brás pelo Tribunal Provincial de Luanda na sexta-feira, 6, levanta a possibilidade de as autoridades judiciais irem atrás de personalidades acusadas de corrupção.
Esta é a leitura de observadores e activistas.
Entretanto, os envolvidos no caso levado ao tribunal pelo antigo Procurador Geral da República, João Maria de Sousa, acreditam que a decisão pode ser o início de uma nova etapa na justiça angolana.
Em reacção, o advogado de defesa do jornalista Rafael Marques, Horácio Junjuvil, admitiu que “esperava pela absolvição”.
Mariano Brás, jornalista e director do jornal O Crime, que republicou o artigo de Rafael Marques, afirma que o país está a "viver novos ventos".
“Nunca um jornalista veio para este tribunal e foi absolvido, por isso esta sentença fica para história e mostra que o país está a mudar”, sublinhou.
Por seu lado, Rafael Marques disse “estar surpreso com a decisão” e espera agora que os corruptos sejam enviados “para a cadeia e não apenas absolvidos os que fazem as denúncias".
Até agora, a Procuradoria-Geral da República não se pronunciou sobre o possível tratamento a ser dado às denúncias de Rafael Marques.
Entenda o caso
O activista e jornalista angolano Rafael Marques foi acusado de injúria ao Procurador Geral da República (PGR) General João Maria de Sousa por ter denunciado, no seu site Maka Angola, os seus negócios em dezembro de 2016.
Marques publicou que João Maria de Sousa estava envolvido num negócio alegadamente ilícito de aquisição de um terreno de três hectares, em Porto Amboim, na província angolana do Kwanza Sul, para a construção de condomínio residencial.
Brás foi também arrolado no processo por ter publicado o artigo no jornal O Crime.