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Queda do preço do petróleo "obriga" Governo angolano a rever o Orçamento de Estado


A queda dos preços do barril de petróleo nas últimas 24 horas para perto dos 30 dólares deixou em alerta o Governo angolano que, até ontem, garantia que estava atento à situação, mas que por agora não ia rever o Orçamento Geral do Estado (OGE).

Posição contrária têm analistas que alertam o Executivo de João Lourenço para essa necessidade.

A cotação do petróleo bruto está em queda livre depois de uma “guerra aberta” entre a Arábia Saudita e a Rússia.

Com o falhanço nas negociações para convencer Moscovo a juntar-se aos cortes de produção programados pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), Riad decidiu avançar com uma brusca redução do preço e aumento da produção.

Ontem, 8, a ministra angolana das Finanças, Vera Daves, disse em Luanda que o Governo está a analisar por agora todos os desenvolvimentos da crise resultante da epidemia do coronavírus.

“Estamos a acompanhar de perto todos os desenvolvimentos, com cuidado e realismo, e esperamos que os impactos sejam os menores possíveis”, afirmou Vera Daves.

Entretanto, em declarações à VOA, o economista Martins Afonso defende que o Governo precisa corrigir rapidamente o OGE.

“Uma das grandes razões da volatalidade é que o coronavírus impede a mobilidade das pessoas, e o Governo tem que fazer o reajuste do Orçamento, a não ser que haja algum reforço que possa cobrir os 20 dólares por cada barril de diferença”, afirma Afonso.

O também economista Faustino Mumbica acrescenta, por seu seu lado, ser importante uma maior fiscalização dos recursos e mais empenho na tão falada diversificação da economia para que o país não continue a depender do petróleo.

“Uma das saídas é no quadro da execução do Orçamento olhar para dispesas supérfluas e ver se se reduz a sobrefaturação e, do outro lado, ver com o Fundo Soberano o que se pode fazer frente a esta baixa do preço do barril”, acrescenta Mumbica.

Desde 2016, a OPEP (liderada pela Arábia Saudita) e outros países aliados (com destaque para a Rússia) tem alcançado acordos para definir os níveis de produção ideais para manter as cotações da matéria-prima nos níveis pretendidos.

Mas no domingo, as duas partes não chegaram a um novo acordo, abrindo uma crise que está a afetar hoje as bolsas de forma dramática.

Depois de abrir em queda, Wall Street, em Nova Iorque, foi forçada a fechar os negócios por 15 minutos para travar a queda das ações.

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