Poucos dias antes do ataque terrorista contra a sala de concertos em Moscovo em que morreram 133 pessoas, o presidente russo Vladimir Putin rejeitou um aviso da embaixada dos Estados Unidos sobre a possibilidade de um ataque, dizendo se tratar de uma “provocação” e “chantagem”.
Isto depois da embaixada americana em Moscovo ter emitido, no passado dia 7, um comunicado em que afirmou estar a “monitorizar informações de que extremistas têm planos iminentes para atacarem grandes ajuntamentos, incluindo concertos pelo que os cidadãos americanos são aconselhados a evitarem grandes ajuntamentos nas próximas 48 horas”.
Na passada terça-feira, dia 19, o presidente Putin disse que os avisos sobre a possibilidade de um ataque terrorista tinham como objetivo desestabilizar a Rússia.
A agência de notícias russa Tass citou o presidente russo como tendo “lembrado” numa reunião com os dirigentes dos serviços de informações e segurança, FSB, “as recentes declarações provocadoras de várias estruturas ocidentais sobre a possibilidade de ataques terroristas na Rússia”.
“Tudo isto parece ser chantagem e ter a intenção de intimidar e desestabilizar a nossa sociedade”, disse o presidente russo citado pela TASS.
Sabe-se agora que antes do aviso público da embaixada americana aos seus cidadãos, os Estados Unidos tinham avisado o governo russo sobre a possibilidade de um ataque terrorista.
A porta-voz do Conselho Nacional de Segurança dos Estados Unidos, Adrienne Watson disse que “no início deste mês o governo dos Estados Unidos recebeu informação sobre um planeado ataque terrorista em Moscovo – provavelmente contra grandes ajuntamentos, incluindo concertos – o que levou o Departamento de Estado a emitir um aviso público aos americanos na Rússia”.
“O governo americano compartilhou também esta informação com as autoridades russas, de acordo com a sua política de longa data de "dever de avisar'", acrescentou a porta-voz.
Analistas fazem notar que para além das declarações de Putin, é óbvio que as autoridades russas ignoraram o aviso, pois não havia medidas de segurança no local do concerto.
O ataque terrorista foi levado a cabo por um ramo do Estado Islâmico conhecido com ISIS-Kohrasan.
Esses mesmos analistas fazem notar que o Irão cometeu no início do ano o mesmo erro quando ignorou um aviso dos Estados Unidos entregue por vias diplomáticas de um possível ataque do mesmo grupo contra ajuntamentos de pessoas.
Uma semana depois, a 3 de janeiro, dois atacantes suicidas mataram mais de 90 pessoas na cidade iraniana de Kerman
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