Alguns analistas moçambicanos dizem que a purga nas fileiras policiais anunciada pelo respectivo comandante-geral, Jorge Khalau, poderá ser uma miragem se não for acompanhada por melhorias de condições, sobretudo salariais, dos agentes.
O comandante-geral da policia disse, segunda-feira, que a corporação vai apostar, este ano, na purificação de fileiras.
"Vamos continuar atentos à actuação dos nossos polícias. Chamo a atenção dos nossos polícias indisciplinados, que colaboram com criminosos, alugando armas, que vamos purificar as fileiras," advertiu Khalau.
Não foi a primeira vez que Khalau falou sobre a purga das fileiras da policia, dado o sentimento quase generalizado de desconforto relativamente á actuação de agentes policiais, muitos dos quais se associam a criminosos.
O próprio Presidente da República, Filipe Nyusi, reconheceu este mal-estar no seio da sociedade moçambicana, afirmando que "nos tiram sono as notícias de agentes policiais que engrossam as fileiras dos criminosos".
Para o analista Argnoldo Nhampossa, as condições salariais e de trabalho não são das melhores. Para além disso, há casos de jovens que integram a polícia, porque não têm alternativa de trabalho, sendo por isso que o seu desempenho como agente deixa muito a desejar.
O sociólogo Francisco Matsinhe acha que a purificação de fileiras é quase impossível.
Para o académico, "é um sonho irrealizável, uma coisa quase que absurda, tendo em conta o salário que é pago aos agentes, sobretudo os de protecção".