O presidente do Partido da Renovação Social (PRS) anunciou neste sábado, 12, que a sua formação política deixa o acordo de incidência parlamentar com os partidos políticos que apoiaram Umaro Sissoco Embaló, actual chefe de Estado da Guiné-Bissau.
Esta decisão foi tornada pública por Fernando Dias, presidente em exercício do PRA, na localidade de Encheia, norte do país, no âmbito de contactos com os militantes e simpatizantes daquela formação política.
“Sentimos envergonhados porque viemos cá pedir votos, mas hoje cada um faz a sua agenda”, disse, sublinhando que o PRS vai assumir, a partir de hoje, a sua própria agenda política.
O caso 1 de Fevereiro, que resultou na detenção de dezenas de militares e alguns civis depois de uma alegada tentativa de golpe de Estado, também mereceu a observação do líder do PRS.
“Condenamos qualquer forma de subversão da ordem constitucional. Nunca compactuamos com golpes, mas se o tribunal ordenar a soltura dos presos, temos que aceitar. A lei não está na cabeça de ninguém. Temos que deixar a lei vigorar”, frisou.
Fernando Dias regozijou-se com a eventual criação de um tribunal ad hoc para julgar supostos envolvidos no caso.
“Ouvimos que está-se a criar condições para julgamento dos detidos do caso 1 de Fevereiro por um tribunal ad hoc. É bom dizer que na lei da Guiné-Bissau não há tribunal ad hoc. Inventar artigo, como aquele que foi inventado no caso de 17 de Outubro, nunca! Vamos pôr pessoas nas ruas caso for criado esse tribunal”, defendeu o presidente do PRS, que mostrou-se ainda optimista que “um dia saberemos os verdadeiros actores de caso 1 de Fevereiro”.
O líder dos “renovadores” apelou, por outro lado, ao diálogo para a realização do Congresso do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
“Somos democratas. Não queremos ver nenhum partido a ser impedido de concorrer às eleições. Apelamos ao diálogo interno”, concluiu Fernando Dias num discurso aos militantes e simpatizantes do PRS nos arredores de Bissau, acompanhado de altos dirigentes do seu partido.
O PRS faz parte do acordo de incidência parlamentar que resultou na formação do Governo, liderado por Nuno Gomes Nabian, logo depois de Umaro Sissoco Embaló ter assumido a Presidência da República a 27 de Fevereiro de 2020.
Apesar do actual Governo ser de iniciativa presidencial, depois da destituição do Parlamento, ele tem por base aquele acordo e vários ministros são do PRS.
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