Num protesto contra a falta de energia, dezenas de moradores de um bairro do município de Benguela, em Angola, estiveram nesta quinta-feira, 20, à porta da Empresa Nacional de Electricidade (ENDE) com candeeiros e outros meios usados para contornar o que chamam de "20 anos de escuridão".
A VOA presenciou como aos empurrões com agentes da Polícia Nacional (PN) quando tentavam criticar trabalhadores da ENDE, os manifestantes diziam que a criminalidade é a principal consequência desta crise na Seta Nova.
Esta escuridão, segundo os munícipes, portadores de caixas de fósforo e petróleo, dá lugar a uma espécie de recolher obrigatório por força da criminalidade.
“Há muita bandidagem, as miúdas são violadas quando saem da escola. Esses bandidos despem as meninas, aconteceu ainda esta semana com a minha filha, viu facas e lhe receberam todo material escolar”, conta Ana Ngueve, que leva quase 20 anos no bairro.
“Não temos segurança, não temos luz, somos obrigados a estar em casa por volta das 18 horas”, vinca o jovem Manuel.
O tom da insatisfação aumenta quando os protestos trazem à baila o facto de Benguela ter testemunhado, há cinco meses, o arranque do projecto das fotovoltaicas.
É certo que a energia dos parques da Baía Farta e Biópio reforçam a rede nacional, mas os munícipes lembram promessas feitas aquando das inaugurações.
“A ENDE é uma empresa desorganizada, está há 20 anos a dizer vamos resolver mas até agora nada”, salienta Lucas, adiantando que “já não aguentamos, estamos tristes com os gastos no combustível, nos geradores”.
À VOA, fonte da ENDE assinala que os moradores da Seta Nova e de outros bairros terão de aguardar pela extensão da rede pública, que deve estar concluída nesta legislatura.
O Presidente João Lourenço anunciou 7 mil milhões de dólares norte-americanos, com a parte da ajuda dos Estados Unidos incluída, para fotovoltaicas e outros investimentos em hidroeléctricas.
Uma delas, para o rio Catumbela, em Benguela, visa resolver o problema de água e gerar acima de 30 megawatts de energia.
As quatro cidades do litoral da província de Benguela contam 100 megawatts, cifra muito abaixo das necessidades, ao passo que Angola consome dois mil megawatts, quando a capacidade de produção instalada anda em seis mil.
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