Os organizadores das manifestações do dia 17 em Angola criticam a "cultura de intimidação de quem queira exercer o seu direito de cidadão autónomo para criticar e usar a rua para se exprimir" as suas opiniões sobre "políticas com uma completa falta de sensibilidade para os impactos sociais, económicos e políticos sobre os mais pobres".
Em comunicado, as organizações da sociedade civil e activistas lembram que as manifestações "são uma consequência do descontentamento da população, face à subida brusca do preço da gasolina (perto de 100%), a pressão sobre os vendedores informais e pequenos operadores económicos e as tentativas de limitar a autonomia das organizações da sociedade civil", situações que para os subscritores são o "resultado directo do que muitos cidadãos – no seu direito - consideram serem políticas com uma completa falta de sensibilidade para os impactos sociais, económicos e políticos sobre os mais pobres".
A nota realça que "a repressão quase generalizada – excepção honrosa para as polícias da Huíla, Kwanza Norte, Kwanza Sul, Malanje, Moxico e Namibe - das manifestações, não resultou de atitudes ilegais dos manifestantes mas da dificuldade das instituições em respeitar o direito dos cidadãos a exprimir opiniões críticas".
Ante este cenário, os promotores das manifestações apelam "a todos os cidadãos, independentemente do partido de que se sintam mais próximos ou do lugar onde trabalhem, a contribuírem" para libertar deste "ambiente de repressão e mentira, participando, divulgando e confrontando a ilegalidade e a instrumentalização das instituições".
Com quase uma centena de detidos, os promotores apelam a uma investigação "por mecanismos independentes, em que circunstâncias morreram pessoas, quem colocou pneus na via pública e quem usou indevidamente de meios violentos, de forma indiscriminada, nas ruas por onde passaram os manifestantes e noutras que foram tratadas como zonas onde residem inimigos".
A nota também critica a "persistente acção da TPA, JA e RNA, de ocultar factos, ouvir apenas uma linha de opinião e, frequentemente, difundir mentiras sem qualquer preocupação pelo contraditório e pela verdade, tem de ser denunciada e corrigida".
Os subscritores lembram ainda aos dirigentes do país que "que recordem que, tal como a independência foi o resultado da luta do povo, também a luta pela liberdade e a melhoria das condições de vida para todos deve ser respeitada e acarinhada, para que tenhamos orgulho no país que somos".
A polícia informou que 87 pessoas foram detidas em Benguela e Luanda, mas o director de campanhas da Amnistia Internacional Portugal, Paulo Fontes, disse à Voz da América que três pessoas foram detidas em Cabinda, enquanto activistas no Huambo apontaram que houve detidos na província, mas não conseguimos confirmar a informação.
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