A explosão no porto de Beirute, no Líbano, na terça-feira, 4, que causou a morte de mais de 130 pessoas e feriu mais de cinco mil feridos, foi causada por nitrato de amónio que, segundo a imprensa americana, teria por destino Moçambique.
Entretanto, em comunicado, a Comissão Executiva da Cornelder de Moçambique, gestora dos Terminais de Contentores e de Carga Geral no Porto da Beira, disse que "não teve conhecimento de que o navio MV Rhosusiria escalaria o Porto da Beira".
A cadeia de televisão CNN revelou que uma investigação do Governo libanês já concluiu que foi aquele fertilizante que causou a explosão, que se fez sentir a mais de 150 quilómetros de distãncia e que devastou bairros habitacionais nos arredores do porto de alta densidade populacional.
Documentos revelam que um carregamento de 2.750 toneladas de nitrato de amónio chegou a Beirute em 2013 num barco russo com o nome de MV Rhosus, cujo destino era Moçambique, mas que aportou em Beirute devido a “dificuldades financeiras”.
Entretanto, na capital libanesa, o navio, da companhia Teto Shipping, propriedade do empresário Igor Grechshkin, foi confiscado pelas autoridades locais por falta de pagamentos pelo uso do porto, violações operacionais do navio e queixas apresentadas pela tripulação.
O jornal Washington Post, por seu lado, escreve que o navio viajava com a bandeira da Moldávia e que ia a caminho de Moçambique, proveniente da antiga república soviética da Geórgia.
Confirmação do capitão
O percurso foi confirmado pelo capitão do navio, Boris Prokoshev.
Devido ao elevado risco do material a bordo, as autoridades portuárias decidiram colocar a carga em armazéns no ano seguinte, 2014, à espera que fosse leiloada ou destruída por meios apropriados.
Mas a carga permaneceu no armazém todos estes anos e sabe-se que o diretor das Alfândegas de Beirute, Badri Daher, avisou repetidas vezes que esse armazenamento constituia “um perigo extremo”.
Daher chegou mesmo a propôr que o nitrato de amónio fosse vendido ao exército libanês mas sem sucesso.
Aquele responsável disse à CNN que às autoridades portuárias nunca deveriam ter permitido o descarregametno do nitrato de amónio.
“O seu destimo era Moçambique, não era o Líbano”, confirmou.
Sabe-se que na manhã do dia da explosão uma equipa de trabalhadores tinha estado no armazém a reparar um portão de entrada.
Porto da Beira diz desconhecer a carga
Em Moçambique, a Comissão Executiva da Cornelder, gestora dos Terminais de Contentores e de Carga Geral no Porto da Beira, emitiu um comunicado nesta quinta-feira, 6, no qual garante que "o operador portuário não teve conhecimento que o navio MV Rhosusiria ia escalar o Porto da Beira".
A empresa acrescenta que "a escala de um navio ao Porto da Beira é anunciada pelo agente do navio ao operador portuário com uma antecedência de sete a 15 dias", e lembra que a entrada de produtos como nitrato de amónio "em território moçambicano carece de autorização prévia das autoridades que superintendem as áreas do Interior, Finanças e Agricultura".
Ainda de acordo com a Cornelder, "nos casos de navios de nitrato de amónio que escalam o Porto da Beira, o operador portuário observa todas as medidas de segurança exigíveis no manuseamento de uma carga considerada perigosa; inclusive a presença do corpo do bombeiro, restrição de veículos e pessoas alheias a operação".
A nota acrescenta ser "igualmente proibida a presença de materiais inflamáveis no perímetro do cais onde decorre a operação" e que "no caso concreto do Porto da Beira, é expressamente proibida a descarga à granel e o seu acondicionamento em armazéns do operador portuário".
Após a descarga, "a mercadoria é transportada pelo importador em camiões ou vagões para os mais variados destinos, no país e na Região Austral de África", conclui a nota.
Não houve qualquer pronunciamento do Governo moçambicano.