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Procurador do Moxico avisa que vai reprimir manifestações não autorizadas


Polícia com gás lacrimogénio durante manifestação contra brutalidade policial, Luanda, Angola
Polícia com gás lacrimogénio durante manifestação contra brutalidade policial, Luanda, Angola

Activistas avisam que a Constituição não está suspensa e que as manifestações vão continuar

O procurador da República na província angolana do Moxico, José Buanga, advertiu recentemente que o órgão que dirige vai reprimir as manifestações não autorizadas, nesta fase eleitoral.

O representante do Ministério Público (MP) foi citado pela imprensa pública como tendo avisado que quem desrespeitar os limites impostos pela lei será castigado “para evitar instabilidade do Estado e salvaguardar os interesses dos angolanos”.

Buanga fez essa advertência quando dissertava sobre “Direitos Políticos, Cidadania e eleições”, no âmbito da Semana da Legalidade, promovida pela Procuradoria Geral da República (PGR).

“A violação desses direitos tem consequências jurídicas e a PGR, enquanto fiscal da legalidade e detentor da acção penal, vai actuar em caso de ilegalidade”, avisou o procurador.

Em reacção, activistas locais lembram ao procurador que a Constituição do país não está suspensa para se limitar o exercício cívico dos angolanos e garantem que vão continuar a exercer os seus direitos de cidadania.

O activista Benedito Jeremias “Dito Dali” diz que as manifestações serão inevitáveis se o processo eleitoral não for conduzido com transparência pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE).

“O discurso deste procurador é intimidatório e visa impor o medo no seio da sociedade mas nós vamos continuar a exigir lisura no processo eleitoral. As instituições públicas é que têm estado a criar instabilidade no país”, afirma.

Helder Mwana África, activista social, diz por seu lado em conversa com a VOA que as diversas sensibilidades do Moxico, leste de Angola, ficaram desiludidas com as declarações do procurador Buanga.

“Não esperávamos isso dele”, disse Mwana Afrika sublinhando que o procurador era uma das pessoas que, no Moxico, “inspirava alguma confiança”.

O activista também garantiu, no entanto, que as declarações do responsável da PGR não vão impedir manifestações de protesto da população do Moxico que tem estado a exigir, essencialmente, a abertura de vias de comunicação entre a capital e os municípios.

Para o procurador José Buanga, aos cidadãos é reservado o direito de exercício de cidadania, fundamentalmente nesta fase em que o país prepara-se para realização das quintas eleições previstas para Agosto, mas disse que não precisa desrespeitar os limites consagrados constitucionalmente, sob pena de incorrer em actos criminosos.

De acordo com o procurador, entre os limites impostos pela lei no exercício de cidadania destaca-se “o mau uso do direito da manifestação e do sufrágio, que podem acarretar consequências negativas na sociedade, colocando em causa a estabilidade do Estado e a dignidade da pessoa humana''.

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