O procurador da Justiça dos Estados Unidos, equiparado a ministro da Justiça, defendeu nesta terça-feira, 28, a decisão da Administração Trump de enviar agentes federais para repor a ordem em cidades onde há protestos violentos e contra o património federal.
William Barr respondeu a perguntas dos representantes no Comité de Justiça da Câmara e negou acusações de que abusou do seu poder para ajudar amigos próximos do Presidente Donald Trump com vista à eleição presidencial de 3 de novembro.
Jerrold Nadler, presidente do Comité, iniciou a audiência com comentários ácidos, dizendo a Barr: "Seu período é marcado por uma guerra persistente contra o cerne profissional do Departamento (de Justiça) num esforço aparente de obter favores para o Presidente”.
Barr reagiu afirmando que sente “liberdade completa para fazer o que acho certo".
A audiência foi o primeiro depoimento de Barr no Comité Judicial da Câmara desde que assumiu o cargo, em fevereiro de 2019, e ocorre num momento no qual o seu Ministério é criticado por enviar agentes federais para dispersar manifestantes à força em Portland e na capital Washington.
Barr rejeitou a afirmação de Nadler de que a mobilização de agentes federais seja uma tentativa de fortalecer a campanha de reeleição de Trump.
Ele também negou ter agido para ajudar próximos de Trump e disse que eles não merecem tratamento especial, mas que também não deveriam ser tratados com mais dureza do que outros acusados.
Na semana passada, o órgão interno de supervisão do próprio Departamento iniciou investigações sobre o envolvimento federal nos protestos de Portland e de Washington.
Protestos generalizados e maoritariamente pacíficos contra o preconceito racial e a brutalidade policial vêm ocorrendo no país desde a morte do negro George Floyd por polícias em Minesota no dia 25 de maio.
Barr ressaltou os incêndios criminosos e os episódios de violência vistos durante alguns protestos, atribuindo-os principalmente a elementos da tendência chamada de "Antifa" de extrema-esquerda e exortou procuradores federais a apresentarem acusações criminais sempre que possível.
O procurador-geral defendeu o uso de forças federais para conter os protestos em Portland, onde alguns manifestantes lançaram objetos contra o tribunal federal.
Questionado pela deputada democrata negra Sheila Jackson Lee, Barr também minimizou as acusações de discriminação racial por parte da polícia.
O representante democrata Steve Cohen disse na audiência ter apresentado uma resolução para investigar Barr e averiguar se ele deve ser afastado.