Links de Acesso

Prisão de Carlos São Vicente foi arbitrária, diz organismo da ONU


Julgamento de Carlos São Vicente (de vermelho), empresário angolano acusado de corrupção. Tribunal de Luanda, 11 de Fevereiro 2022
Julgamento de Carlos São Vicente (de vermelho), empresário angolano acusado de corrupção. Tribunal de Luanda, 11 de Fevereiro 2022

O Grupo de Trabalho sobre Detenções Arbitrárias considera que o direito à presunção de inocência foi violado e manifestou profunda preocupação pelo estado de saúde mental e fisico do empresário.

Um grupo de trabalho do Alto Comissariados das Nações Unidas para os Direitos Humanos concluiu que a detenção do empresário angolano, Carlos São Vicente, atualmente a cumprir uma pena de prisão em Luanda, foi arbitrária e uma violação do direito a um julgamento justo.

A conclusão do Grupo de Trabalho sobre Detenções Arbitrárias foi dada a conhecer pela companhia de advogados que tem representado Carlos São Vicente e que tinha apresentado uma queixa junto dessa autoridade da ONU.

A conclusão, apresentada num documento de 16 páginas, diz que se registou uma violação no que diz respeito à sua detenção antes do julgamento e que as queixas apresentadas levantam preocupações sobre o julgamento de São Vicente, que deveria ocorrer perante um tribunal imparcial e independente.

O grupo considera que o direito à presunção de inocência foi violado e manifestou profunda preocupação pelo estado de saúde mental e fisico do empresario.

Para além disso, foi demonstrado ter havido uma violação dos direitos de São Vicente ao não ter sido dado tempo suficiente para apresentar a sua defesa, acrescentando que o governo deveria libertar Carlos São Vicente e reconhcer o seu direito a compensação, diz o documento.

O grupo de Trabalho da Comissão de Direitos Humanos pede também uma investigação sobre as circunstâncias que levaram à arbitrária detenção do empresário.

Em reação, os advogados François Zimeray e Jessica Finelle saudaram o que chamaram de “decisão corajosa” do grupo de trabalho, acrescentando que a decisão representa “um ponto de viragem” no caso.

O documento, disseram os advogados, significa que todas as decisões tomadas pelas autoridades angolanas são ilegais e passíveis de serem declaradas sem validade.

Não houve reação até agora por parte das autoriades angolanas.

O empresário Carlos Vicente, casado com a filha do primeiro Presidente angolano Agostinho Neto, Irene Neto, foi detido a 22 de setembro de 2020 depois de ter sido constituído arguido por suspeita de crimes de peculato e branqueamento de capitais.

Carlos Vicente cumpre atualmente uma pena de prisão em Angola por peculato, fraude fiscal e branqueamento de capitais.

Fórum

XS
SM
MD
LG