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PM da Somália dá ordem de expulsão a diplomata moçambicano que representa a União Africana


Francisco Caetano Jose Madeira, representante da União Africana na Somália
Francisco Caetano Jose Madeira, representante da União Africana na Somália

O Presidente da República rejeitou a decisão de expulsar Francisco Madeira e disse que o órgão que a tomou não tem competência para tal

O primeiro-ministro da Somália, Mohamed Hussein Roble, declarou o representante especial da União Africana (UA) em Mogadiscio, o embaixador Francisco Caetano José Madeira, persona non grata e ordenou que ele deixe o país “dentro de 48 horas”.

Em declarações ao fim da noite de quarta-feira, 6, Roble acusou o diplomata o moçambicano Madeira de “participar de actos incompatíveis com o seu estatuto”.

No Twitter, o chefe do Governo somali pediu à Comissão da UA que retire Madeira do cargo e que “cumpra este pedido”.

A expulsão do diplomata foi imediatamente rejeitada pelo Presidente da República, adversário político de Roble.

Em comunicado, Mohamed Abdullahi Farmaajo disse não autorizar qualquer acção contra Madeira e destacou que o Ministério dos Negócios Estrangeiros que trata dos assuntos diplomáticos não comunicou ao seu representante quaisquer actos contra a soberania do país.

Farmaajo acrescentou ainda que a decisão de expulsar Francisco Caetano José Madeira não é “inclusiva” e foi emitida por um gabinete que não tem a responsabilidade exclusiva de tomar uma decisão tão crucial.

Madeira não reagiu ainda à decisão do Governo.

Prática no país

O diplomata moçambicano foi nomeado representante da UA em Outubro de 2015 e não é o primeiro a ser expulso pelas autoridades da Somália.

Em Janeiro de 2019, o Governo declarou o então enviado das Nações Unidas para a Somália Nicholas Haysom persona non grata por alegadamente “violar protocolos” e interferir nos assuntos da Somália.

A expulsão de Haysom ocorreu depois dele ter questionado o Governo se as forças apoiadas pela ONU estavam envolvidas num tiroteio contra manifestantes em Baidoa, em Dezembro de 2018.

O tiroteio levou à morte de 12 pessoas que protestavam contra a prisão do ex-vice-líder do Al-Shabab, Mukhtar Robow Abu Mansour, que, segundo seus apoiantes, visou impedi-lo de disputar uma eleição regional.

Antes da expulsão, Haysom exigiu respostas do Governo somali sobre a legalidade da prisão de Robow, que ainda permanece detido.

Em entrevista à VOA em Outubro do ano passado, Robow disse que está detido por motivos políticos e para impedi-lo de concorrer ao cargo.

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