O Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que a produção de gás natural em Moçambique terá um impacto brutal no país e que a média de crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) poderá chegar aos 24 por cento, o que fará com que a percentagem de projectos de gás natural liquefeito na produção nominal ultrapasse os 50 por cento em meados da década de 2020.
Entretanto, economistas moçambicanos defendem que as previsões do FMI devem ser vistas com muita cautela porque no passado recente houve grandes expectativas com carvão, energia e outros produtos que depois se traduziram em quase nada.
O FMI diz que a produção e exportação de gás natural liquefeito vai começar em 2021, com a produção a aumentar gradualmente durante essa década, chegando a 2028 com uma produção média de 89 milhões de toneladas por ano.
Para o economista João Sitoi, é preciso olhar para estas previsões com muita precaução, porque podem existir factores e riscos que possam fazer com que as mesmas não se concretizem, para além de que podem não ter impacto na população.
Outro economista, João Mosca, considera que o mais preocupante é que o crescimento previsto será apenas com base no gás, realçando que, "basicamente, é uma economia com exploração off shore, que tem outras implicações ainda porque tudo é feito no mar e, portanto, o efeito real no terreno sobre a economia e sobre a população se faz sentir de forma muito fraca".
Mosca destacou que, existindo esse recurso e essas receitas, a questão fundamental é ver como o Governo de Moçambique gere isso a favor de um desenvolvimento social mais diversificado, "para que outros sectores de actividade económica se possam desenvolver impulsionados pelos rendimentos resultantes do gás".
"Tudo depende da governação, das negociações entre o Governo e as companhias exploradoras do gás, das políticas internas moçambicanas, mas também da sociedade, como é que vai reagir ás políticas governamentais, face a situações que possam não ser muito favoráveis ao desenvolvimento social do país", explicou.
De acordo com o FMI, o fortíssimo aumento da produção a partir da próxima década terá um impacto nas receitas fiscais, que poderão chegar aos 500 mil milhões de dólares até 2045, o que poderá fazer com que o Orçamento de Estado deixe de depender, como acontece atualmente, de financiamentos externos.