O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, chega a Angola no domingo, 17, para uma visita de 24 horas, no início de uma digressão que o levará à Nigéria e ao Togo, soube a VOA.
A viagem a Angola do estadista turco, que tem um pendor económico e diplomático, retribui a visita que o Presidente João Lourenço realizou àquele país, em Julho passado, quando assinou 10 acordos de cooperação bilateral, os primeiros do género entre os dois países a nível presidencial.
Na sequência, um grupo de empresários turcos visitou, no mês seguinte Angola, para avaliar as oportunidades de negócios, potenciais sectores para investimentos e firmar parcerias locais.
De referir que, apesar da pandemia da Covid-19, o Presidente da Turquia hospedou recentemente seis líderes africanos, no quadro do aumento das relações do seu país com África.
Erdoğan também realizou a chamada “diplomacia telefónica” com nove dirigentes africanos e esta visit aa três países do continente se insere neste âmbito.
Em Luanda, Erdoğan promete aumentar o volume do comércio entre os dois países.
Ele foi citado pela imprensa do seu país como tendo dito que Ancara estará ao lado de Angola “como um país que já deu provas na sua luta contra o terrorismo”.
Interesses políticos e económicos
A declaração do Presidente Erdogan é interpretada por alguns fazedores de opinião em Luanda como “um sinal de reconhecimento” do gesto do Governo de Angola que em 2017 encerrou na capital do país uma escola e expulsou os funcionários turcos ao seu serviço por, alegadamente, pertencer ao líder religioso e seu adversário político Fethullah Gülen.
Segundo o Novo Jornal, em causa esteve uma alegada pressão de Ancara sobre as autoridades angolanas no sentido de fechar o colégio por suposta ligação ao clérigo muçulmano exilado nos Estados Unidos e descrito por Erdogan como tendo estado na origem do falhado golpe de estado, que teve lugar em Junho de 2016.
O Presidente turco estaria desde então a realizar uma campanha contra a presença de “núcleos terroristas”, ligados a Fethullah Gülen, particularmente em África.
Sobre esta matéria, o académico João Lukombo fala de jogo de interesse entre Angola e Turquia e da existência do que chamou de “diplomacia subterrânea”, com o argumento de que “ninguém sabe qual foi a contrapartida exigida por Angola”.
Entretanto, o analista Rui Candove considera que a digressão africana do Presidente turco visa, do ponto de vista económico, tentar “disputar o espaço já conquistado ou a ser conquistado pela China, índia e Brasil”.
Candove disse também que estabelecer acordos diplomáticos com países africanos “é do interesse pessoal do Presidente Erdogan” que pretende, assim, evitar que um grande número de países continue a apoiar os seus opositores.