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Presidente suíço defende neutralidade e proibição de armas do seu país na Ucrânia


Presidente Alain Berset, da Suiça  
Presidente Alain Berset, da Suiça  

A neutralidade suíça é mais importante do que nunca, disse o presidente Alain Berset em entrevista publicada neste domingo (12), defendendo a polémica proibição de transferência de armas de fabricação suíça para a Ucrânia.

"As armas suíças não devem ser usadas em guerras", disse ele ao semanário NZZ am Sonntag.

A longa tradição de neutralidade tem sido muito debatida desde a invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia, em Fevereiro de 2022.

Embora o rico país alpino, que não é membro da União Europeia, tenha seguido o exemplo do bloco nas sanções contra Moscovo, até agora mostrou menos flexibilidade ena sua neutralidade militar.

Apesar da pressão de Kiev e seus aliados, a Suíça continua a impedir que os países que detêm armamento fabricado na Suíça reexportem-no para a Ucrânia.

Até o momento, os pedidos da Alemanha, Espanha e Dinamarca foram rejeitados sob a Lei de Material de Guerra, que proíbe qualquer reexportação se o país destinatário estiver num conflito armado internacional.

Berset disse ao NZZ que a política se baseava no "compromisso com a paz, com o direito humanitário e com a mediação sempre que possível".

O papel da Suíça como sede do Comité Internacional da Cruz Vermelha e das Convenções de Genebra, bem como da sede europeia das Nações Unidas "está refletido nas nossas leis, incluindo aquelas relacionadas à exportação de armas", disse ele.

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A proteção da lei humanitária e dos direitos humanos e das Convenções de Genebra "pode soar ultrapassada para alguns, mas é mais importante do que nunca", disse ele, alertando que seria "extremamente perigoso jogar esses princípios fundamentais ao mar agora".

"No que diz respeito à Suíça, a guerra não faz parte do DNA", disse Berset, enfatizando que a sua nação pretende "estar presente onde quer que possamos contribuir para a mediação e a paz".

Ele disse acreditar que as negociações com a Rússia são necessárias para terminar a guerra na Ucrânia, "quanto mais cedo, melhor".

E denunciou um "frenesi de guerra em certos círculos" na Suíça, em meio a apelos para abandonar a neutralidade.

Isso "não significa indiferença" e pode "ajustar", disse ele, apontando para "sanções sem precedentes" que a Suíça impôs à Rússia.

Várias iniciativas estão em andamento no parlamento para relaxar as regras de reexportação para possibilitar que armas de fabricação suíça sejam transferidas por terceiros países para a Ucrânia.

Mas Berset enfatizou que a "posição do governo é clara. Também corresponde à minha posição pessoal. As armas suíças não devem ser usadas em guerras".

O processo para uma decisão final, com debates entre o parlamento e o governo, seguido de um provável referendo sob o sistema de democracia direta da Suíça, deve levar meses.

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