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Presidente sírio fugiu para Moscovo, diz imprensa russa


Retrato do Presidente sírio Bashar al-Assad com a moldura partida, nas instalações do Departamento de Segurança Política nos arredores da cidade central de Hama.
Retrato do Presidente sírio Bashar al-Assad com a moldura partida, nas instalações do Departamento de Segurança Política nos arredores da cidade central de Hama.

A imprensa russa, diz que o Presidente sírio deposto Bashar al-Assad e a sua família chegaram a Moscovo neste domingo, 8, depois de um impressionante avanço rebelde o ter forçado a fugir.

Os meios de comunicação russos acrescentam que foi concedido asilo à família Assad.

A Rússia tem sido um aliado próximo de Assad.

Multidões alegres encheram as praças da capital, agitando a bandeira revolucionária síria de três estrelas que faz lembrar os primeiros dias da primavera Árabe, antes da repressão brutal de Assad e do surgimento de uma insurreição que mergulhou o país numa guerra civil de quase 14 anos. Alguns sírios rezaram nas mesquitas.

As forças rebeldes abriram as portas das celas das prisões do país, libertando presos políticos e criminosos que Assad tinha encarcerado e torturado. Outros saquearam o palácio presidencial e a residência da família Assad, depois de o homem forte deposto e outros altos funcionários terem fugido do país.

A queda de Assad foi espantosamente rápida, com os rebeldes a capturarem as cidades de Alepo, Hama e Homs numa questão de dias. Os rebeldes são liderados pelo grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que tem origem na Al-Qaeda e é considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos e pelas Nações Unidas.

Alguns celebrantes destruíram e rasgaram retratos de Assad no palácio, enquanto outros saíram carregando louça, cadeiras, móveis e quaisquer pertences s que reivindicavam como lembranças do derrube do governo.

Vídeos mostram pessoas a incendiar fotografias de Assad afixadas em edifícios de Damasco.

Nas ruas, as pessoas cantavam “Deus é grande” e slogans anti-Assad. Alguns buzinavam para os carros. Adolescentes pegaram em armas que aparentemente tinham sido descartadas pelas forças de segurança e dispararam-nas para o ar.

Os últimos anos de Assad, desde 2011, foram marcados por uma guerra civil amarga e sangrenta, na qual mais de meio milhão de sírios morreram e pelo menos metade da população do país, que antes da guerra era de 22 milhões de pessoas, foi deslocada.

Combatentes da oposição festejam ao incendiarem um tribunal militar em Damasco, Síria, a 8 de dezembro de 2024.
Combatentes da oposição festejam ao incendiarem um tribunal militar em Damasco, Síria, a 8 de dezembro de 2024.

Atualmente, o destino imediato da Síria é incerto. O derrube de Assad é um rude golpe para o Irão, um dos seus principais apoiantes, e para os seus aliados no Médio Oriente, que concentraram a sua atenção em mais de um ano de conflito com Israel. Os militantes do Hezbollah só recentemente chegaram a um cessar-fogo com Israel no Líbano, enquanto a guerra entre o Hamas, financiado pelo Irão, e Israel prossegue em Gaza.

Abu Mohammed al-Golani lidera o HTS e poderá traçar a direção imediata do país. É um antigo comandante da Al Qaeda que cortou relações com o grupo há vários anos e diz que abraça o pluralismo e a tolerância religiosa.

Mas o país está dividido. Os combatentes da oposição apoiados pela Turquia estão a lutar contra as forças curdas aliadas dos EUA no norte, e o grupo Estado Islâmico ainda está ativo em algumas áreas remotas.

Um grupo de rebeldes divulgou uma declaração em vídeo na televisão estatal síria, afirmando que o “regime criminoso caiu” e que todos os prisioneiros foram libertados. Apelaram à população para que preservasse as instituições do “Estado sírio livre”. Mais tarde, os rebeldes anunciaram um recolher obrigatório em Damasco das 16h00 às 5h00 da manhã.

Um vídeo que circula na Internet mostra os rebeldes a arrombarem as portas das celas e a libertarem dezenas de prisioneiras, muitas das quais pareciam chocadas e confusas. Pelo menos uma criança pequena podia ser vista entre elas.

O comandante dos rebeldes, Anas Salkhadi, que apareceu na televisão estatal no final do dia, procurou tranquilizar as minorias religiosas e étnicas da Síria, dizendo: “A Síria é para todos, sem exceções. A Síria é para os drusos, os sunitas, os alauítas e todas as seitas”.

“Não vamos lidar com as pessoas da mesma forma que a família Assad lidou”, acrescentou.

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