O presidente da UNITA assegura ter feito contactos na visita que realiza aos Estados Unidos para garantir a presença de observadores internacionais independentes nas eleições de Agosto e não dos amigos do MPLA.
“Necessitamos de eleições livres e transparentes, não como em 2017 em que foram convidados apenas observadores da União Africana, e apenas os amigos do MPLA”, diz Adalberto Costa Júnior em entrevista à VOA aqui em Washigton, onde também contactou departamentos governamentais, instituições privadas e empresas “que estão interessadas em investir em Angola.
Nesse sentido, confirma ter estado a fazer um périplo um pouco por todo o mundo com “uma agenda exclusiva à procura de eleições em absoluta transparência com observação internacional”, para, reforça, “não repetirmos aqueles tradicionais elementos de erros do passado”.
Em 2017, lembra o líder da oposição angolana, “muitos países propuseram efectivamente a intenção de disponibilizar observadores, mas na verdade é o Governo que tem efectivamente a palavra final e não tivemos observadores da União Europeia, não tivemos observadores dos Estados Unidos”, porque o Governo recusou, apesar da oferta de muitos países.
Aliás, sublinha Adalberto Costa Júnior, nas últimas eleições “tivemos apenas e só observadores da União Africana, que o Governo quis convidar, convidou os amigos, vamos dizer assim, e as eleições não são para serem realizadas com os amigos, mas são para ser realizadas com transparência, com pluralidade e nós todos estamos a trabalhar no sentido de garantir que teremos um processo efectivamente de transparência, de pluralidade”.
BUAP em casas de dirigentes do MPLA
A ofensiva da UNITA visa assegurar um processo transparente, o que não parece ser o caso em Angola, de acordo com a oposição.
Costa Júnior assegura que “não vai facilitar o trabalho” daqueles que querem manchar o processo e também critica o registo eleitoral oficioso que, a poucos dias do seu término, tem resultados muito abaixo do normal.
Em resposta à afirmação de um porta-voz da Comissão Nacional de Eleições de que os partidos da oposição não estavam presentes nos Balcões Únicos de Atendimento ao Público (BUAP), Adalberto Costa Júnior disse não ser verdade e que a “UNITA esteve presente antes do processo”.
Ele afirmou que o porta-voz “devia ser da CNE e não do MPLA”.
No rol de críticas ao processo, ele aponta o facto de o registo ter começado tarde, de haver muita morosidade no processo, com “pessoas a entrarem pela porta lateral, pela porta do cavalo, e a serem atendidas não se sabe por quem”, além de haver denúncias de balcões que “funcionaram em casas dos primeiros secretários do MPLA em alguns lugares em Angola com provas apresentadas”.
Nos países onde existe uma grande diáspora angolana, há um balcão apenas na capital e “hoje preocupa ver os balanços que estão muito baixos”, aponta.
“A nossa grande preocupação efectivamente é que ninguém fique excluído”, reforça o líder da UNITA.
O registo eleitoral oficioso termina no fim deste mês e o Governo recusou o pedido dos vários partidos da oposição para alargar o prazo a fim de permitir a actualização de todos os eleitores.
As eleições estão previstas para terem lugar na segunda metade do mês de Agosto e até agora desconhece-se que o Executivo tenha convidado qualquer país ou organização internacional para enviar observadores.