O Presidente da Somália, Hassan Sheikh Mohamud, visita a capital da Etiópia exatamente um mês depois de os líderes dos dois países terem chegado a um acordo destinado a pôr termo a um litígio amargo que durava há um ano.
O gabinete do presidente da Somália publicou, anteriormente, um comunicado a confirmar a visita de Mohamud a Adis Abeba a convite do Primeiro-ministro, Abiy Ahmed.
“As discussões com os dirigentes etíopes visam reforçar as relações bilaterais e fazer avançar as prioridades comuns”, lê-se no comunicado.
A Etiópia e a Somália chegaram a um acordo a 11 de dezembro, na sequência de uma acesa disputa diplomática que se desencadeou devido a um controverso acordo de acesso marítimo assinado pela Etiópia com a região separatista da Somalilândia a 1 de janeiro de 2024.
O chamado Memorando de Entendimento (MOU) destinava-se a arrendar 20 quilómetros de frente marítima à Etiópia por 50 anos, em troca de reconhecimento diplomático, disseram as autoridades da Somalilândia.
O governo somali rejeitou o acordo, classificando-o de “nulo e sem efeito”, e acusou a Etiópia de “violação flagrante” da sua soberania e integridade territorial.
No âmbito da “Declaração de Ancara”, mediada pelo Presidente turco, Tayyip Recep Erdogan, os dirigentes da Somália e da Etiópia reafirmaram o seu respeito e o seu empenhamento na soberania, unidade, independência e integridade territorial da outra parte.
Além disso, as duas partes também concordaram em trabalhar em conjunto para finalizar “acordos comerciais mutuamente vantajosos através de acordos bilaterais, incluindo contratos, arrendamentos e modalidades semelhantes, que permitirão à República Federal Democrática da Etiópia usufruir de um acesso fiável, seguro e sustentável de e para o mar, sob a autoridade soberana da República Federal da Somália”.
Nas ruas de Adis Abeba, são visíveis os preparativos para a visita de Mohamud.
A foto do presidente está afixada em painéis electrónicos nas principais ruas.
“Bem-vindo Presidente Sheikh Mahmoud”, está escrito por baixo de uma das fotografias.
As bandeiras da Somália e da Etiópia também estão a ser hasteadas.
As estradas que ligam o aeroporto de Bole ao Palácio estão a ser vigiadas pela Polícia Federal da Etiópia.
A Somália afirmou que a visita de Mohamud no sábado, que será a sua primeira desde que alegou ter sido “impedido” de entrar na sede da UA em fevereiro do ano passado pelas forças de segurança etíopes, “baseia-se” no acordo de Ancara.
Antes da viagem a Adis Abeba, Mohamud visitou também Kampala, no Uganda, para uma cimeira continental sobre desenvolvimento agrícola, onde se encontrou com o Presidente Yoweri Museveni e com o Presidente do Quénia, William Ruto, dois líderes que, a certa altura, tentaram mediar entre a Somália e a Etiópia, antes de surgir a Declaração de Ancara.
“O compromisso diplomático do Presidente faz parte de uma digressão regional mais alargada que inclui visitas produtivas recentes à Eritreia e ao Djibuti”, refere o comunicado da Villa Somalia.
Comentando o encontro com Mohamud, Ruto disse que as relações entre os dois países se “aprofundaram progressivamente” desde que a Somália aderiu ao bloco económico regional, a Comunidade da África Oriental, no ano passado.
“Os nossos dois países estão a fazer mais negócios do que antes, com a Somália a comprar bens no valor de KSh5 mil milhões nos primeiros nove meses de 2024”, publicou. “No que diz respeito à paz e à segurança, o Quénia e, na verdade, a região, continuarão a empenhar-se em esforços de colaboração para garantir a estabilidade na Somália.”
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