O primeiro-ministro da Guiné-Bissau repudiou nesta segunda-feira, 9, a tentativa de assassinato do deputado e líder da União para a Mudança (UM), Agnelo Augusto Regala, no sábado à noite e disse ter ordenado à polícia uma investigação.
“Está-se a fazer um trabalho de investigação, é um acto que todos nós repudiamos, mas deixemos que as autoridades façam os seus trabalhos”, afirmou Nuno Gomes Nabiam, interpelado pelos jornalistas, depois de uma declaração conjunta com o seu homologo de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva que começou nesta segunda-feira, 9.
O Presidente da República afirmou ser um caso de polícia.
“Isso não sei se é vitima ou quê, é um assunto de polícia, vão ao Ministério do Interior ou à Polícia Judiciária. Eu não falo do cidadão Agnelo Regala. Não sei se é atentado ou intentona. Na Guiné, tudo se passa, o Presidente da República também foi vítima”, afirmou Umaro Sissoco Embaló, questionado por jornalistas.
Responsabilidades das autoridades
Mamadu Queita, vice-presidente do Movimento Nacional da Sociedade civil, exige que o Governo crie condições de segurança aos cidadãos no país.
“O Governo tem que assumir as suas responsabilidades e criar as condições para que haja segurança, livre circulação das pessoas, que as pessoas se sintam seguras no território nacional, que seja identificadas e responsabilizadas as pessoas que praticam esses atos bárbaros”, sustentou Queita.
Por seu lado, o coordenador da casa de Direitos, Gueri Lopes, apelou a uma mobilização popular para estancar as ondas de violações de direitos humanos no país.
“Isso demonstra a debilidade do país, a fragilidade do país em termos de segurança. A nosso ver, é preciso que toda a sociedade se mobilize para pôr fim a esse acto recorrente. Não só a sociedade guineense, é preciso também que as instituições internacionais tomem em consideração o que está a acontecer neste momento na Guiné-Bissau”, disse.
No campo partidário, o líder do Movimento Democrático Guineense, Silvestre Alves, considera inqualificável o ataque à residência de Agnelo Regala, “uma hipocrisia total, uma irresponsabilidade dos governantes deste país”.
“Não se pode aceitar que as pessoas não sejam livres de emitir as suas opiniões sobre a evolução política do país, portanto, não se encontra nenhuma outra justificação para esses atentados e temos que perguntar a quem aproveitar o atentado”, continuou Alves, reiterando que “o país não tem nada de segurança, é uma balbúrdia”.
Em comunicado, o MADEM G15, um dos partidos que suporta o actual Governo, exigiu que os autores de ataque à residência de Agnelo Regala sejam perseguidos e levados à justiça.
No domingo, 8, o presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, Domingos Simões Pereira, classificouno ataque de um "atentado à soberania do país"
O ataque
O presidente da UM Agnelo Augusto Regala foi baleado na noite de sábado, 7, na sua residência, em Bissau, por desconhecidos.
“Os disparos foram feitos a partir de uma viatura que passava na rua à frente da sua residência”, disseram à VOA fontes na capital guineense.
Na passada quarta-feira, 4, Agnelo Regala criticou o regresso da força militar da CEDEAO à Guiné-Bissau, que considerou a decisão uma violação à soberania do país.