O primeiro-ministro de Cabo Verde celebra nesta segunda-feira, 5, o 46o. aniversário da independência do país com os imigrantes nos Estados Unidos, onde radica a maior comunidade no exterior.
Na cidade da Praia, o Presidente da República alertou para os perigos que ameaçam a democracia, como o populismo, e advertiu contra ataques às instituições.
No domingo, Ulisses Correia e Silva participou no tradicional desfile da independência em New Bedford, cidade que recebeu os primeiros cabo-verdianos no século 18.
Ele também participou num serviço religioso da Igreja de St. Patrick’s, em Brockton.
Numa mensagem ao país, nesta segunda-feira, 5, na sua página no Facebook, ele escreveu que “celebrar a independência é momento de olhar para trás e ver aquilo que Cabo Verde conseguiu em condições extremamente difíceis”.
Hoje o primeiro-ministro estará em Brockton, a cidade conhecida como sendo a mais cabo-verdiana fora do arquipélago.
Entretanto, em Cabo Verde, na sessao solene do Parlamento para marcar o dia, o Presidente da República alertou para as ameaças à democracia.
“Muito provavelmente a actual onda de populismo, que, como tenho referido, cada vez mais procura insinuar-se entre nós, nomeadamente através da sedução de jovens com responsabilidades políticas, alimenta-se não apenas das naturais limitações dos sistemas democráticos, mas, também há que reconhecê-lo, do seu mau uso”, afirmou Jorge Carlos Fonseca no seu último discurso como Chefe de Estado na calebração da independência do país.
Fonseca acrescentou que “se é legítimo e necessário renovar, adequar, até democratizar a democracia nos tempos que vivemos, tendo em conta, sobremaneira, a complexidade organizativa crescente das democracias modernas, a experiência e os factos demonstram-nos, à saciedade, de que não há modelo alternativo à democracia representativa capaz de garantir, em melhores condições, o pluralismo e a equidade”
O Presidente cabo-verdiano considerou que a invocação da Constituição tornou-se, nos últimos tempos, “uma banalidade de base no discurso político, jurídico e social”, mas alertou que “a construção da democracia nunca é um processo acabado, pois a dinâmica social, particularmente nos tempos actuais, impõe adequações constantes nas mais diversas áreas".
No discurso perante deputados e representantes da sociedade, Jorge Carlos Fonseca lembrou que o 5 de Julho “oferece-nos a oportunidade para reflectirmos, para um olhar profundo sobre o tempo e a sua passagem e aquilo que mudou à nossa volta, ou seja, compreender como era a realidade, como é ela hoje e o porquê dessa mudança”.