O Presidente angolano afastou nesta segunda-feira, 31, o ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Pedro Sebastião, uma semana depois de ter feito uma limpeza naquela estrutura, ao exonerar seis oficiais generais.
Para o seu lugar, foi nomeado Francisco Pereira Furtado.
Todas as exonerações surgem depois da prisão, no passado dia, 12, do major Paulo Lussaty, funcionário da Casa de Segurança do Presidente da República, no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, em Luanda, na posse de milhões de dólares e milhares de euros.
Mais tarde, a Procuradoria-Geral da República, que disse ter aberto um processo crime por envolvimento de oficiais da Casa de Segurança em actos ilícitos, revelou um milionário património de Lussaty, com dezenas de casas, em Angola e Portugal, e uma frota de carros topo de gama.
A VOA sabe que João Lourenço tentou aguentar Pedro Sebastião, um dos seus homens de confiança, mas a situação tornou-se insustentável.
No passado dia 26, o então ministro de Estado emitiu uma nota interna a nomear interinamente oficiais para os lugares dos exonerados.
Com a exoneração de hoje, cai um dos mais próximos homens do Presidente, nomeado a 28 de Setembro de 2017, no início do mandato de João Lourenço.
Francisco Pereira Furtado é o novo ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, de acordo com a nota da Casa Civil a que a VOA teve acesso.
Contactado pela VOA, o general Manuel Paulo Mendes de Carvalho Pacavira, "General Paka", considera ser normal a exoneraçao do homem forte da casa de Segurança, caso esteja ligado aos escandalos financeiros de Pedro Lussaty.
“Se for verdade que o Sebastião e os oficiais exonerados estão ligados aos escandalos de Pedro Lussaty eu acho que as exonerações estão bem feitas” considera o general Paka.
Entretanto, aquele militar na reserva questiona a nomeação do antigo chefe de Estado-maior das Forças Armadas Angolanas, Francisco Pereira Furtado, para o cargo depois de ter sido citado no escândalo denominado "burla tailandesa".
“Não entendo como é que alguem que já esteve envolvido em escândalos financeiros seja novamente nomeado, ou seja é uma verdadeira pandilha", afirma.
Quanto à manutenção de Edeltrudes Costa como chefe de Gabinete do Presidente João Lourenço, denunciado por envolvimento em escândalo em Portugal, o general Paka diz que todos "estão a proteger-se em função dos enteresses do Presidente e não da nação e isso para eles é normal”.
Entretanto, as exonerações continuam e também hoje o Presidente exonerou o general Apolinário José Pereira, do cargo de chefe do Serviço de Inteligência e Segurança Militar, e o Tenente-General António Mateus Júnior de Carvalho, do cargo de secretário para os Assuntos de Defesa e Forças Armadas.
O general João Pereira Massano foi exonerado do cargo de director nacional de Preservação do Legado Histórico-Militar do Ministério da Defesa Nacional e Veteranos da Pátria e nomeado para o cargo de Chefe do Serviço de Inteligência e Segurança Militar.
O novo homem forte da Casa de Segurança do Presidente da República é general e foi chefe do Estado-maior das Forças Armadas Angolanas.