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Angola acusa Portugal de querer impôr secretário-executivo da CPLP


 Georges Chikoti
Georges Chikoti

Portugal e demais países da organização com posições opostas.

O ministro das Relações Exteriores de Angola disse nesta quarta-feira, 9, que a anunciada candidatura de Portugal ao cargo de secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) representa "uma imposição" que quebra os entendimentos naquela organização.

Citado pelo Jornal de Angola, Georges Chikoti reconheceu não haver um acordo escrito mas reiterou que “desde a criação da CPLP, quando se escolheu Portugal para sede da organização, inclusive, com o maior número de funcionários, foi acordado que deve abdicar da presidência do órgão executivo”.

Para o chefe da diplomacia angolana "Portugal quer fazer uma imposição", quando se sabe que é a vez de São Tomé e Príncipe assumir o cargo.

Chikoti, no entanto, disse que o assunto será discutido na reunião da CPLP a realizar-se a 17 de Março.

Recorde-se que ontem o primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Patrice Trovoada, anunciou que o seu país vai apresentar um candidato a secretário-executivo da CPLP, que deverá ser eleito na conferência de chefes de Estado e de Governo, a realizar-se em Julho, no Brasil.

A polémica começou quando uma fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal revelou que Lisboa “não enjeita, naturalmente, essa responsabilidade [a presidência da CPLP], estando disponível para exercê-la".

Os restantes países reagiram lembrando a existência de um acordo de cavalheiros feito em 1996 que estipulava que o país-sede (Portugal) nunca indicaria o secretário-executivo da organização.

Dois anteriores secretários-executivos da CPLP, o angolano Marcolino Moco, e o cabo-verdiano, Luís Fonseca, disseram desconhecer a existência do acordo e que só ouviram falar dele recentemente.

Por seu lado, tanto o Brasil, como o primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves e o seu colega são-tomense Patrice Trovoada confirmaram a existência do acordo.

O secretário-executivo, o moçambicano, Murade Murargy, disse ter ouvido falar da existência de um "acordo de cavalheiros" nesse sentido, na altura da criação da CPLP, em 1996, e mencionou ser prática internacional que os países que acolhem as sedes das organizações não se candidatem à sua direcção.

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