A UNITA classifica de “chantagem” o que o Governo angolano está a fazer ao não entregar os restos mortais do seu fundador Jonas Savimbi, nem ontem na Luena, nem nesta terça-feira, 28, no Cuito.
A denúncia foi feita à VOA pelo porta-voz da partido, Alcides Sakala, que está no aeroporto do Cuito, “juntamente com uma multidão e aqui vamos ficar para uma vigília, até que nos seja entregue o corpo do Dr. Jonas Savimbi".
O Governo, a UNITA e os familiares de Savimbi tinham acordado um programa definitivo que, no entanto, à ultima hora foi alterado pelo Executivo de João Lourenço, segundo aquele partido na oposição e familiares.
Agora, à última hora, a entrega já não seria no Moxico mas sim no Bié, seguindo-se amanhã para o Huambo e no dia 30 chegaria à localidade de Lopitanga, no Bié, onde Savimbi, segundo a UNITA, será enterrado no dia 1 de Junho no cemitério onde estão os seus familiares.
Alcides Sakala lamenta também a falta de informação do Governo, tendo o ministro de Estado, Pedro Sebastião, estado no Cuito, sem “no entanto contactar a direcção da UNITA”,
Tal como a UNITA, os familiares de Jonas Savimbi dizem-se agastados com “esta postura do Executivo” de alterar unilateralmente as coisas.
"Esta parte final das exéquias fúnebres está uma confusão, a comissão mista criada entre elementos da UNITA e do Governo já não funciona, não há diálogo e o que vemos é uma imposição do Governo”, lamenta Rafael Massanga Savimbi, um dos filhos do fundador da UNITA, que lembra que “não somos funcionários do Governo, somos familiares de um lado e partido de outro e temos independência de pensamento e de acção”.
Para Rafael Savimbi, está-se perante um óbito, “embora tenhamos consciência de que se trata de Jonas Savimbi e que os contornos políticos nunca estão ausentes".
Alguns jornalistas de imprensa internacional, incluindo da VOA, que tinham sido convidados pelo Governo para acompanhar a cerimónia de entrega dos restos mortais do líder fundador da UNITA, ficaram em terra à última hora, alegadamente por falta de espaço no avião.
Apesar de, até ao final da tarde, a UNITA e os familiares não terem nenhuma informação sobre o paradeiro dos restos mortais de Jonas Savimbi, o porta-voz do partido reiterou que o programa vai manter-se e que ele “terá um funeral condigno”, apesar da “sabotagem do Governo”.