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Pólio: População de Quinguengue sem vacinas


O governador de Malanje,Boaventura da Silva Cardoso
O governador de Malanje,Boaventura da Silva Cardoso

A população tem que atravessar a fronteira para ir estudar,para se tratar

As campanhas de vacinação contra a pólio de crianças dos zero a menores de cinco anos,realizadas até ao momento na Província de Malanje, nunca atingiram as aldeias e bairros da comuna de Quinguengua,a mais de 80 quilómetros a Leste do município de Massango.
Centenas de petizes não estão imunizados da paralisia infantil nas imediações de Quicuto e Makongo.
Mário Kiale Kilanje, soba Quinguengue, do bairro Bulo, disse, no final de semana, na sede de Massango,a 252 quilómetros a Norte desta cidade,que o avançado estado de degradação das estradas e ausência de pontes inviabiliza todo o processo mobilizado pelo governo.
Diz ele:“Quando chegam os carros para vacinar as crianças,há bairros em que há "Chute a Pólio" e outros bairros onde os carros não chegam lá,por não haver pontes.Então,nós queremos que o governo tem que arranjar aquelas pontes, essas pontes estão no lado de Quicuto. Aqui,quem parte de Quinguengue para Mabakassanga os carros chegam".
Kilanje pensa que são dez bairros que não têm acesso.Para além daqueles bairros, há mais outros bairros, o do Regedor Makongo, alí também não entra carro, parece também são 15 bairros. Então se é "Chete a Pólio em toda Angola", também aqui têm que entrar carros!”.
A autoridade tradicional aproveitou a visita de 24 horas do governador de Malanje, Boaventura Ventura da Silva Cardoso, à sede do referido município, durante o final de semana, para admitir a existência de casos de poliomielite em muitos bairros da jurisdição,apesar de não haver qualquer pronunciamento oficial dos responsáveis da Saúde.
Por falta de postos de saúde e de escolas, as populações da comuna de Quinguengue são obrigadas a atravessar em embarcações imróprias a fronteira fluvial de Angola com a República Democrática do Congo,onde beneficiam dos serviços básicos de saúde e frequentam as aulas naquele país.
O governador Boaventura da Silva Cardoso,ao considerar preocupante a situação, recomendou ao novo administrador municipal de Massango, Daniel Ferraz, apresentado sábado à população em substituição de António Manuel Manzanza,que trabalhasse com afinco para inverter aquele quadro sombrio.
Disse ele:“Eu queria, de forma muito particular, que fizesse alguma coisa ali junto das populações que ficam próximas da fronteira com a República Democrática do Congo.Por exemplo, Quinguengue, ali faltam escolas, faltam postos médicos e outros serviços. O que é que acontece? A população tem que atravessar a fronteira para ir estudar,para se tratar.Temos que inverter este quadro por forma a que os angolanos tenham esses serviços na sua terra”.
Grande parte da vida dos habitantes das localidades fronteiriças de Quinguengue é feita na RDC por ser uma área comum dos antepassados, mas que pode perigar o futuro da população estudantil, pelo facto da formação académica,aos níveis de base e do ensino médio não ser reconhecidos pelas autoridades de Luanda.

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