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Polícia de Benguela detém 23 membros do auto-denominado Movimento Revolucionário


Os interrogatórios centraram-se na presença do activista José Marcos Mavungo que se encontrava na província.

Após ter participado num debate na quinta-feira, 21, em que equiparou a governação de Cabinda a uma ‘’máfia’’, o activista José Marcos Mavungo esteve na mira de efectivos da Polícia em Benguela, que detiveram 23 jovens do auto-denominado Movimento Revolucionário durante o fim-de-semana.

Mavungo, recentemente inocentado pelo Tribunal Supremo depois de ter sido condenado a uma pena de seis anos de prisão, foi o centro de um interrogatório a jovens que viram abortada uma manifestação contra a subida dos preços de bens alimentares.

Testemunhos recolhidos pela VOA indicam que a Polícia terá percebido que o activista era um homem solidário com a causa defendida por centenas de jovens.

Quis o destino que a presença de Marcos Mavungo em Benguela coincidisse com o início de uma cruzada contra a inflação, numa altura em que milhares de angolanos andam aos empurrões para a aquisição de alimentos nas grandes superfícies comerciais.

A manifestação agendada para o último final de semana, uma espécie de balão de ensaio, acabou com a detenção de 23 membros do auto-denominado Movimento Revolucionário.

José Marcos Mavungo
José Marcos Mavungo

Detido foi também o motorista da viatura em que seguiam, que saía do Lobito a Benguela, onde deveria ter arrancado a marcha.

“A Polícia prendeu-nos e levou o meu carro até à esquadra, juntamente com os manifestantes. Aí, fomos revistados, desapareceu um total de 19 mil Kwanzas. A minha culpa foi ter levado 23 pessoas, quando o carro tem capacidade para apenas 11’’, salienta o motorista, que pediu o anonimato, para mais adiante explicar que já não pôde regressar ao Lobito para apanhar Marcos Mavungo.

Em Benguela a convite da OMUNGA, Marcos Mavungo, que acabava de denunciar violações na província de Cabinda, esteve no centro do questionário.

O activista José Patrocínio e o consultor Misselo da Silva foram igualmente referenciados na esquadra policial.

“A manifestação pretendia exigir melhores condições de vida e questionar a inflação. O lema era ‘o povo não é culpado’. Eles roubaram os dísticos, já que foram encontrados na esquadra, onde os agentes perguntavam por Marcos Mavungo, o alvo deles’’, declara outra testemunha que também pediu o anomimato.

O director para a Ordem Pública do Comando da Polícia, Carlos Mota, não atendeu a nenhuma das chamadas da VOA.

A iniciativa deste movimento foi lançada 24 horas depois de o governador de Benguela, Isaac dos Anjos, ter assegurado que existe espaço para a juventude na corrida ao desenvolvimento de Benguela.

“Se não amam esta terra, então não a merecem. Se a amam, a para herdar o testemunho, têm de regar e plantar com muito amor. Não podemos desistir diante de uma ‘crisezinha’, já vivemos situações piores’’, apelou o governante na altura.

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