O filho do Presidente Joe Biden e o advogado escolhido pelo Presidente eleito Donald Trump para chefiar a polícia federal americana, o FBI, são agora os dois polos opostos do intenso debate que marca a atualidade política nos Estados Unidos.
Se muitos poderiam ter pensado que as eleições iriam pôr fim às profundas divisões que marcam a cena politica americana, os mais recentes acontecimentos desmentem claramente essa possibilidade.
Depois de ter sido forçado a retirar a sua nomeação de Matt Gaetz para procurador geral, que estava a ser investigado por diversos alegados crimes, Donald Trump continua a fazer escolhas controversas que terão que ser aprovadas pelo Senado que, embora de maioria republicana, pode não aceitar algumas delas.
A prova disso foi a retirada da nomeação de Gaetz por se ter tornado claro que não podia contar com o apoio da maioria dos senadores.
A nomeação de Pete Hegseth para secretário de Defesa está também rodeada de controvérsia e agora surge a escolha de Kash Patel para diretor do FBI.
Conhecido pela sua lealdade à campanha de Donald Trump, Patel fez declarações em que ameaçou agir contra jornalistas e e acabar com o proprio FBI, que diz ser um orgão de apoio aos democratas, embora o atual diretor tenha sido nomeado pelo próprio Donald Trump e mantido no seu lugar por Joe Biden por ter um mandato de 10 anos.
Rick Klein, especialista em assuntos políticos da cadeia de televisão ABC, fez notar que para nomear Patel, o Presidente eleito vai ter que “esvaziar uma posição para a poder preencher” pois “tem que demitir o diretor do FBI que ele escolheu para substituir o último diretor do FBI que ele tambem despediu e depois substituí-lo por alguém que é um aliado politico e pessoal muito proximo”.
Para Klein, as declarações que Patel fez sobre FBI “têm muito pouco a ver com o que faria para administrar o departamento, mas sim em punir os que vê como inimigos politicos”.
“Isto vai além de ser uma escolha provocadora. Penso que vai testar os limites do que Donald Trump pode fazer no que diz respeito a aprovações no Senado e é um sinal claro que de quando ele falou em vencer e depois destruir muitas instituições de Washington ele está a falar a sério sobre isso”, afirmou aquele analista.
Klein disse ainda que, embora muitas pessoas que rodeiam Trum estejam “entusiasmadas com esta escolha, há muitas que duvidam que isto seja uma escolha que será confirmada (pelo Senado)”.
O perdão de Joe Biden
Mas Joe Biden está também debaixo de fogo. O
O Presidente indultou o seu filho Hunter, poupando o mais novo Biden de uma possível pena de prisão por condenações federais por crimes relacionados com documentos para legalizar o porte de arma e o nao pagamento de impostos.
O perdão reverte as promessas anteriores de Biden de não utilizar os poderes extraordinários da Presidência em benefício dos membros da sua família.
Ao justificar a sua decisã, ele disse ter-se tratado de uma perseguição à sua familia e afirmou que pessoas que violam uma lei sobre declarações que fazem para do uso de porte de armas ou de não pagamento de impostos que sejam subsquentemente reembolsados não são geralmente passíveis de pena de prisão.
Mas Joe Biden estendeu o seu indulto até ações que possam ter sido cometidas desde 2014 o que levanta mais duvidas sobre a sua decisão pois nesse período Hunter Biden trabalhou para uma companhia ucraniana e esteve associado a outras companhias estrangeiras, levantando assim a hipótese dele ter violado a lei americana sobre trabalhar a favor de outros países.
Scott Jennings, um comentador conservador de temas politicos na cadeia de televisão CNN, disse que com esta decisão “Joe Biden está a deixar o cargo, apresentando a favor de Donald Trump o argumento mais forte possível que alguém poderia apresentar, nomeadamente que o nosso Governo e o nosso sistema de justiça são feitos, pelas e para as elites e mais ninguém”.
“Ele concorreu para banir o trumpismo do nosso sistema político neste país e deixou-o politicamente, e agora institucionalmente a força política mais forte possível neste país”, afirmou Jennings para quem o indulto a Hunter Biden “é um fracasso total e absoluto do chefe do Partido Democrata e do Presidente dos Estados Unidos”.
“Nunca mais quero ouvir: "Oh, Donald Trump é um mentiroso. Você não pode acreditar em nada do que ele diz. Donald Trump abusará de seu poder. Donald Trump só usará o sistema para beneficiar a si mesmo e sua família", e assim por diante e assim por diante, unca mais”, desabafou Jennings que interrogou-se também o porquê da razão de um perdão que se estende por um período de 11 anos até 2014 quando Joe Biden era vice Presidente.
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