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Política na América: Debate sobre ajuda externa na Administração Trump


Marco Rubio, secretário de Estado americano
Marco Rubio, secretário de Estado americano

Marco Rubio defende continuação de ajuda depois de vice-chefe de gabinete da Casa Branca descrever USAID como um “fundo secreto” para programas “lunáticos”

O secretário de Estado americano Marco Rubio disse que a ajuda dos Estados Unidos ao estrangeiro vai continuar, apesar de haver muitos aspetos dos programas que precisam ser ratificados.

Este posicionamento surge numa altura em que se intensifica o debate sobre os programas de ajuda americana, particularmente sobre a decisão da Administração Trump de extinguir a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), o principal veículo de ajuda ao estrangeiro.

Política na América: Debate sobre ajuda externa no seio da administração Trump
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Stephen Miller, vice-chefe de gabinete do Presidente Donald Trump, disse numa entrevista à cadeia de televisão Fox que a USAID era “um fundo secreto” para se propagar programas “lunáticos” da esquerda política ao redor do mundo, lançando críticas duras a organizações não governamentais.

"A USAID era um fundo secreto em primeiro lugar para projetos da esquerda em redor do mundo como cirurgias de mudança do género em redor do mundo, política de diversidade e inclusão, aldrabices loucas de políticas verdes e todos os outros projetos lunáticos da esquerda que estão a levar este país à bancarrota", sustentou Miller.

“Para além disso, estava a funcionar como um exército de ativistas da esquerda, as organizações não governamentais recebem biliões e biliões de dólares e usam esse dinheiro para infiltrar empresas americanas, para infiltrar o setor público para depois colocarem neste país milhões de imigrantes ilegais, liderarem políticas racistas de inclusão e diversificação, aplicarem políticas do género radicas de esquerda”, acrescentou o vice-chefe de gabinete da Casa Branca.

Stephen Miller
Stephen Miller

Stephen Miller reforçou que é uma "estrutura de poder da esquerda e os meios de informação da esquerda não era orgânica, não foi criada naturalmente, era financiada por dinheiro dos impostos e é por isso que estão agora a gritar e a berrar porque o Presidente Trump está a cortar o fundo secreto para as organizações que ferem e odeiam a América".

Marco Rubio esclarece

Por seu lado, numa entrevista, o secretário de Estado, Marco Rubio, concordou que “o problema é que este complexo industrial de ajuda externa foi construído por ONGs e por todo o tipo de grupos que beneficiam destes programas e defendem que não é possível livrarmo-nos de nenhum deles”.

“A ideia de que, de alguma forma, gastamos entre 40 e 60 mil milhões de dólares em ajuda externa e todo esse dinheiro é bem gasto ou em coisas que fazem sentido é absurda. Há muita coisa que não é”, acrescentou Rubio, que tornou também claro que a ajuda externa vai continuar depois de uma revisão, mencionando especificamente o Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos para o Alívio da SIDA (PEPFAR, nas siglas em inglês).

Medicamentos anti retrovirais
Medicamentos anti retrovirais

“Sou apoiante do PEPFAR. Eu estive no Congresso. Agora sou secretário de Estado. É um programa que queremos continuar”, assegurou Rubio, acrescentando ainda apoiar outros programas de ajuda para crises humanitárias como aqueles que combatem a fome.

Não participar nesses programas de combate a crises de fome “iria destabilizar um país de uma forma que seria negativa para os nossos interesses nacionais e abrir a porta para os jihadistas radicais ou outros”.

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“Vamos continuar a fazê-lo”, acrescentou o secretário de Estado para quem, no entanto “o problema é que a definição de humanitário se expandiu para além disso, para todo o tipo de outras coisas que não fazem sentido”.

“Isto não significa que sejam más ideias. Alguém devia fazer isso. Simplesmente não deveria ser o contribuinte americano”, disse Rubio, que reconheceu que a decisão de suspender a ajuda e eliminar a USAID tinha resultado em “alguns soluços sobre como reiniciar os programas de pagamento, mas tudo isto será resolvido aqui muito rapidamente e estes programas continuarão”.

Aviso do embaixador americano no Maputo

Antes, o embaixador dos Estados Unidos em Moçambique, Peter Vrooman, enviou uma mensagem a Rubio avisando que os programas americanos de ajuda no país serão alvo de “grande vulnerabilidade”, de fraude e abusos, caso os trabalhadores americanos da USAID sejam retirados do país como programado.

O jornal New York Times revelou que Vrooman enviou uma mensagem urgente ao secretário de Estado na qual afirma que a saída dos empregados da agência irá deixar na incerteza 114 programas de ajuda e 225 trabalhadores de escalão inferior, provavelmente cidadãos moçambicanos, que “vão todos requerer administração e supervisão”.

O embaixador alertou ainda que a retirada dos funcionários americanos “tornará impossível ao Governo americano administrar de modo correto 1,5 mil milhões de dólares em programas de ajuda, muitos dos quais são ajuda humanitária”.

A USAID apoia 40 programas humanitários ativos no terreno e em Moçambique, onde mais de dois milhões de pessoas dependem do fornecimento de medicamentos anti-retrovirais para impedir o alastramento do HIV-SIDA e estirpes de tuberculose.

No que diz respeito a Angola, sabe-se que em finais de 2024 o país recebia pouco mais de 68 milhões de dólares para todos os programas de ajuda financiados pelos EUA.

A USAID, na verdade, abriu a sua missão em Angola apenas em dezembro do ano passado aquando da visita do presidente Joe Biden, mas a agência envolvida em Angola desde 1992, inicialmente com projetos de saúde, como campanhas de vacinação, e emergência alimentar, e, mais tarde, em projetos que vão desde a agricultura ao crescimento económico e governação.

A agência esteve também envolvida em projetos de proteção do ambiente na bacia do Cubango Okavango.

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