A política da China em África não é nada mais do que uma política de extracção de matérias primas e minerais, disse o congressista americano Jim Costa.
Costa, que é membro da Comissão de Política Externa da Câmara dos Representantes pelo partido Democrata, reconheceu numa entrevista à Voz da América que os Estados Unidos não têm no passado prestado a devida atenção ao continente africano.
“Penso que a América negligenciou o seu papel em África e temos que ser melhores”, disse o congressista que sublinhou que os africanos “foram explorados durante séculos”.
“Em tempos mais recentes vemos essa exploração a ser feita pela China e pela Rússia e a política da China em África não é nada mais do que uma política de energia e minerais”, afirmou.
“Eles não se importam com que tipo de governo esteja no poder em África, estão apenas interessados em extrair a energia e os minerais do continente africano”, disse Jim Costa para quem os Estados Unidos “com os nossos parceiros na Europa têm que ter uma política de longo prazo para apoiar democracias nascentes em África para se fazer face aos problemas de corrupção e para tentar construir apoio a isso”.
Rússia e Europa
Na sua entrevista o congressista elogiou Portugal pela sua redução da dependência energética da Rússia e a sua política de energias renováveis.
Jim Costa disse que “muitos países europeus aprenderam de forma dura a lição de que ser dependente da Rússia em termos de energia não foi uma boa ideia”.
“Portugal reduziu a sua dependência para menos de 10% e fizeram isso muito antes da crise actual”, disse.
“O que Portugal já fez no campo das energias renováveis é um verdadeiro modelo para outros países seguirem”, acrescentou.
O impacto dos Republicanos controlarem a Câmara dos Representantes
Jim Costa disse que apesar dos Republicanos controlarem agora a Câmara dos Representantes está optimista de que poderá haver questões em que os dois partidos podem cooperar.
“Há algumas áreas em que temos que cooperar”, disse sublinhando que a questão do levantamento do tecto da dívida é algo a que os Republicanos se têm oposto insistindo em cortes orçamentais.
Todos os anos o congresso americano tem que subir o limite máximo dos Estados Unidos contraírem a dívida e caso isso não seja feito o governo poderá não ter fundos para operar e de pagar as suas dívidas externas
“Temos que subir o tecto da dívida para garantir que mantemos a capacidade da nossa economia continuar a recuperar”, disse Costa.
“Porque o dólar americano é a moeda do mundo, da economia global obviamente não podemos deixar de pagas as nossas dívidas”, afirmou o congressista para quem “poderá haver algum drama” até se chegar a um acordo mas “acabaremos por chegar a um acordo bi partidário como devemos”.
“Temos que fazer isso de forma bipartidária e vamos fazer isso”, sublinhou afirmando ainda concordar com os Republicanos que “precisamos de ter disciplina fiscal”.
O congressista disse que o congresso tem também que “aprovar um orçamento e isso será um desafio (pois) os Republicanos querem efectuar cortes, querem equilibrar o nosso orçamento”.
“Mas os Republicanos não dizem onde querem fazer os cortes e não querem dizer de onde vem os rendimentos para criar essa disciplina fiscal”, afirmou acrescentando que a re-aprovação de uma lei agrícola (o que é feito todos os quatro anos) “é geralmente uma iniciativa bi-partidária e espero que seja isso este ano”.
O discurso do Estado da União
Jim Costa rejeitou a ideia de que o discurso do Estado da União do presidente Joe Biden de terça-feira seja irrelevante pois “é uma oportunidade para o Presidente americano, quem quer que seja, de qualquer partido que seja, apresentar a sua agenda ao povo americano”.
Para além disso o discurso do Estado da União “é a maior audiência que o Presidente tem e que serve para (essa audiência) ouvir os seus pontos de vista sobre o Estado da União da América e o futuro da união do nosso país”.
“Portanto penso que é muito importante. Obviamente que tem exageros políticos de ambos os lados o que é parte dessa tradição mas estou ansioso pelo discurso do Presidente”, disse reconhecendo que a maioria do discurso será "virada para questões internas".
O Presidente, disse, irá no entanto falar dos “desafios em redor do mundo das nossas parcerias com os nossos aliados na Europa e Ásia e sobre os nossos adversários como a China e sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia”.
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