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Polícia leva cães e cavalos para demolir casas em bairro de Benguela


Famílias ficaram ao relento
Famílias ficaram ao relento

Operação, que segundo a polícia cumpria ordem do tribunal, deixou ao relento centenas de famílias

Mais de 200 pessoas perderam as suas casas no bairro ‘’António Agostinho Neto’’, arredores da cidade de Benguela, após demolições levadas a cabo pela Polícia, que teve de recorrer a cães e a cavalos para a efectivação de uma decisão judicial.

Dezenas de casas demolidas em Benguela - 1:51
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A operação policial, que culminou com a destruição de 50 moradias, foi realizada à madrugada, há cinco dias, e tevea intervenção de militares, que detiveram cinco cidadãos.

À terceira tentativa, surpreendente para as famílias, algumas vítimas das cheias de 2015, sobretudo pela hora, foi de vez.

“Entraram às duas horas, estávamos a dormir, empurraram as portas, romperam as casas, colocaram-nos a dormir entre eles, como se fôssemos presas. Há moços que lhes deram corrida com cães, eu perdi 25 mil, as minhas coisas, o gerador, tudo partiu’’, lamentam algumas senhoras, ao lado de um cidadão que diz ter escapado às detenções.

Ao lado das suas crianças, várias mulheres dizem que foram acolhidas por vizinhas, em casas de chapas de zinco, algumas com lençóis na cobertura, e referem que terão de começar do zero

“Fomos acolhidas por vizinhos, mesmo em casas de chapas, onde estamos todos apertados. Umas estão a recolher paus para ver se fazem qualquer coisa. Ficamos sem os nossos negócios’’, denunciaram as mesmas fontes.

Casas foram totalmente destruídas
Casas foram totalmente destruídas

O jurista Francisco Viena, numa breve declaração à VOA, associou o uso da força, numa operação com centenas de agentes, à resistência dos populares observada nas tentativas anteriores

“Se houve resistência, o Estado teve de utilizar os caminhos legais para repor o direito alheio violado. Eu penso que até a este nível não há problema nenhum’’, explica o jurista.

O comandante municipal da Polícia, superintendente-chefe Melquíades Bravante Kundy, opta por não apresentar a sua versão.

Já o administrador municipal, Carlos Guardado, faz saber que não comenta decisões do tribunal, mas a Administração vem alertando que vai colocar travão na ocupação ilegal de terrenos.

No caso do ‘’Agostinho Neto’’, o espaço é, conforme o acórdão, pertença do arquitecto Zacarias Kamwenho, antigo director provincial do Urbanismo.

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