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Polícia angolana reprime marcha de estudantes que pedia o regresso às aulas no Ensino Superior


Marcha do Movimento dos Estudantes Angolanos pelo regresso às aulas, Luanda, Angola, 22 Abril 2023
Marcha do Movimento dos Estudantes Angolanos pelo regresso às aulas, Luanda, Angola, 22 Abril 2023

Cinco estudantes foram detidos, dos quais um ficou ferido.

A Polícia Nacional de Angola (PN) reprimiu neste sábado, 22, a marcha organizada pelo Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), em Luanda, que pretendia pedir uma solução ao diferendo entre o Governo e o Sindicato Nacional dos Professores do Ensino Superior (SINPES) que está na origem da greve por tempo indeterminado dos docentes em curso desde 27 de Fevereiro.

No sábado passado, a PN já tinha reprimido a primeira de uma série de marchas que o MEA programou para exigir o regresso às aulas.

Cinco estudantes foram detidos e um ficou ferido, disse à Voz da América o presidente do MEA.

Marcha do Movimento dos Estudantes Angolanos pelo regresso às aulas, Luanda, Angola, 22 Abril 2023
Marcha do Movimento dos Estudantes Angolanos pelo regresso às aulas, Luanda, Angola, 22 Abril 2023

“O Governo provincial voltou a impedir a realização da nossa marcha, nós cumprimos todos os procedimentos legais, escrevemos na segunda-feira, informamos as autoridades, mas infelizmente chegamos hoje no Largo, a polícia barrou tudo porque o Governo provincial proibiu”, afirmou Francisco Teixeira, acrescentando que, “mais uma vez, vamos escrever para o ministro, vamos escrever para os direitos humanos para informar o que se está a passar”.

Teixeira reforçou que, com mais esta acção, “as liberdades estão cada vez mais reprimidas, informar as autoridades não serve para nada”.

Marcha do Movimento dos Estudantes Angolanos pelo regresso às aulas, Luanda, Angola, 22 Abril 2023
Marcha do Movimento dos Estudantes Angolanos pelo regresso às aulas, Luanda, Angola, 22 Abril 2023

Os estudantes que se deslocaram ao local com a intenção de participar na marcha manifestaram a sua revolta.

Flora Félix aponta o dedo ao Presidente da República.

“Não pudemos manifestar porque o Chefe de Estado mandou a polícia do MPLA que nos está a reprimir, estamos a lutar por um direito que é nosso, o país não se faz assim, somos filhos de camponeses e queremos estudar, se não estudarmos aqui temos de ir para o exterior, queremos aqui, não queremos continuar analfabetos, queremos ajudar o nosso país a crescer, sem educação não ajudamos o país a crescer”, lamentou a estudante que descreveu as ameaças da polícia.

“Eles (polícias) nos disseram que se não saíssemos do local, iam nos encurralar, depois iam nos bater, nos aleijar e íamos parar ao hospital”, concluiu Félix.


O MEA anunciou uma série de marchas para exigir uma solução greve no Ensino Superior que pode colocar em causa este ano lectivo.

Os professores exigem o cumprimento do memorando de entendimento assinado em Novembro de 2021 entre o Governo e o Sindicato Nacional dos Professores do Ensino Superio (SINPES), que prevê, por exemplo, um salário equivalente a 2.000 dólares para o professor assistente estagiário e de 5.000 dólares para o professor catedrático.

Os docentes também reclamam pela conclusão do pagamento da dívida para com cerca de três mil funcionários do ensino superior, entre docentes e administrativos, que até 2018 estava avaliada em 2,3 mil miliões de kwanzas (3,5 milhões de dólares).

O Ministério do Ensino Superior refere que o memorando de entendimento “estabeleceu prazos para se concluir as acções que estavam em curso” e observa que a declaração da greve do SINPES “prejudica a concretização do calendário académico”.

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