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Pobreza "rouba" o Natal aos pobres de Malanje


O elevado índice de pobreza que afeta muitas famílias angolanas impossibilita qualquer celebração do Natal.

A opinião é de muitos residentes na província angolana de Malanje que, em conversa com a Voz da América, apontam para uma situação de fome ao longo do ano prestes a terminar.

Pobreza rouba a alegria do Natal – 2:53
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Agostinho António, 54 anos, vive no bairro dos Pobres, no Sambizanga Lar da Ação Social, diz que há muito foi abandonado pelos seus familiares.

“Está bem apertado o jantar e o mata-bicho é manga. É só ontem [quinta-feira, 14], que Deus nos ajudou, nos deram folhas de batata-doce que pedi aí nas manas, até um pouco de ginguba é o que jantei ontem que matabichei manga”, conta.

Fátima Garcia, 29 anos, é outra desfavorecida mãe de duas filhas menores que espera por uma mão caridosa do Governo provincial.

“Não estamos a preparar nada porque não temos condições para o Natal. O quê que seria, queremos que o governo pelo menos venha nos apoiar com qualquer coisa para nós passarmos bem o Natal com as nossas famílias”, afirma.

Sem nada para a panela
Sem nada para a panela

“Tem muita gente que necessita de muita coisa, precisa de roupa, precisa de água porque também não temos água. Estamos mesmo mal”, lamenta.

O problema é de décadas e do domínio da Administração Municipal de Malanje que não se dispos a falar com a Voz da América sobre as ações para minimizar a situação das mais de 300 pessoas, como explica Paciência Escovalo, de 32 anos.

“Não tenho nada, não sei se vai ser como, não tenho como fazer. Vamos aos mercados fazer as biscas, mas nas biscas somos muitos, às vezes os outros lá te correm, não descarregar o contentor nem nada. Viemos aqui às vezes que passamos o dia com fome , temos que bater à porta do soba (Ngana Soba Cem) para ver como vamos fazer, estamos a passar mal com a fome”, lamenta Escovalo.

A autoridade tradicional da comunidade Ngana Cem Conto disse que os seus súbitos já perderam o sonho de viverem com as famílias numa casa em condições.

Ngana Cem Conto
Ngana Cem Conto

“Precisamos de um abrigo digno, já tinha dado esses assuntos para que se resolvesse. No sentido de meter aqui umas boas casas pelo menos, uma lembrança. Graças a Deus já temos luz elétrica, porque nós somos seres humanos. As famílias que estão aqui são seres humanos”, lembra o soba

Entretanto, o Governo promoveu os chamados "natais solidários" para pequenos grupos de vulneráveis como crianças e pessoas da terceira idade do lar da Maxinde.

Manuel Sanza, 64 anos disse que isto deveria ser feito mais vezes.

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