A Procuradoria-Geral da República de Angola (PGR) está a investigar a seita religiosa A Luz do Mundo que esteve envolvida em conflitos com a polícia na semana passada no Huambo e em Benguela.
A informação foi avançada pelo procurador-geral da República João Maria de Sousa, na abertura da conferência internacional sobre promoção e protecção dos direitos humanos, organizada pela PGR em conjunto com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.
"A referida seita liderada pelo cidadão José Julino Kalupeteca instiga os seus crentes a inverterem a ordem pública e a praticarem actos de vandalismo", acusou o procurador, para quem os polícias foram "cobardemente atacados", à entrada do acampamento, munidos de um mandado de captura.
Sousa recordou que a Constituição angolana prevê que a liberdade de crença religiosa e de culto "é inviolável e que ninguém pode ser perseguido por motivos de crença religiosa ou convicções filosóficas ou políticas".
Entretanto, lembrou que ninguém “pode atentar contra a dignidade da pessoa humana, nem perturbar ou atentar contra a ordem legalmente estabelecida".
A Polícia Nacional indicou que nove agentes foram mortos, sendo oito no Huambo e um em Benguela e menos de 20 entre os fiéis da seita.
Entretanto, tanto a Unita como o activista de direitos humanos Ângelo Kapuatcha, que se encontra no Huambo a investigar o caso, garantem que há centenas de mortos entre os fieis de Kalupeteca.
O líder da bancada parlamentar da Unita Raúl Danda disse à VOA hoje que também foi-lhe negada a possiiblidade de ver o líder da seita José Julino Kalupeteca.
A Unita, que pediu uma comissão de inquérito no Parlamento e enviou uma delegação para o Huambo, fala em mais de 700 mortos.
No Haumbo, mais propriamente no município de Cáala, a Polícia Nacional e as Forças Armadas cercaram o local e não permitem a entrada de ninguém, sequer dos deputados da Unita que se encontram no local onde, segundo fontes, estavam cerca de quatro mil seguidores da seita A Luz do Mundo.