Há mais de um ano que o Tribunal de Luanda, Angola, condenou os agentes da secreta responsáveis pelo assassinato dos activistas cívicos Isaías Cassule e Alves Kamulingue a penas de prisão que vão de 17 a 18 anos e a obrigação de indemnizarem os familiares das vítimas.
Enquanto o caso transita no Tribunal Supremo, a Procuradoria-Geral da República assumiu parte da indemnização, como forma de minorar os prejuízos provocados às famílias dos activistas que ficaram sem as suas fontes de rendimento.
Passados 13 meses, os familiares continuam à espera do prometido dinheiro.
Horácio Essule, pai de Alves Kamulingue, disse que até hoje nunca mais ouviu falar nem do tribunal, nem da procuradoria como representante do Estado.
''Nunca recebemos o dinheiro da indemnização, eu, como pai, nunca vi nada, nem apoio de alimentos e de outra ordem para ajudar sobretudo os filhos”, lamentou Essule, lembrando que “com essa carência que existe no país sinceramente é um caso sério, ja não temos como fazer''.
Adão Cassule, irmão de Isaias Cassule, outro activista assassinado em Maio de 2012, avançou à VOA que a cunhada e os sobrinhos vivem dias terríveis.
''A família está a passar dificuldades principalmente os filhos do Cassule, até a mulher já queria se refugiar na lavra devido às muitas dificuldades por que atravessa com os filhos”, revela Cassule, adiantando ainda que “o senhor procurador tinha prometido apoiar os filhos a estudarem aqui no Zango até hoje nada, só promessas''
Zola Ferreira, um dos advogados dos familiares das vitimas, disse à VOA que foram feitas várias diligências junto da Procuradoria-Geral da República, como representante do Estado, para que cumpra com as indemnizações aos familiares das vitimas, mas não há qualquer resposta.