O Governo da China expressou a sua "forte insatisfação" neste domingo, 5, um dia depois de os Estados Unidos terem derrubado o balão chinês que sobrevoou o território americano durante cinco dias e avisou que "se reserva o direito" de retaliar.
A operação, autoridada pelo Presidente Joe Biden, foi realizada ontem por um caça F-22 “sobre as águas ao largo da costa da Carolina do Sul, no espaço aéreo americano”, revelou em comunicado o secretário da Defesa.
Lloyd Austin enfatizou que a operação foi realizada em resposta a uma "violação inaceitável" da "soberania" americana.
O Ministério das Relações Exteriores da China reagiu em comunicado no qual “expressa a sua forte insatisfação e protesta contra o uso da força pelos Estados Unidos", além de "se reservar o direito" de retaliar.
Para Pequim, a Administração Biden "claramente exagerou" e "violou seriamente as práticas internacionais".
Blinken cancela visita a Pequim
Por seu lado, o Ministério da Defesa dos Estados Unidos reiterou que o balão era um “espião” que "foi usado pela República Popular da China numa tentativa de monitorar locais estratégicos" do país.
O Presidente americano felicitou os pilotos que realizaram "com sucesso" esta delicada operação e disse ter dado a ordem na quarta-feira para derrubar o balão "o mais rápido possível", mas o Pentágono preferiu esperar "o lugar mais seguro para fazê-lo" para evitar danos.
A descoberta do balão espião ocorreu pouco antes de o secretário de Estado Antony Blinken visitar Pequim, onde iria encontrar-se com o Presidente chinês, Xi Jinping.
Na sexta-feira, 3, Blinken cancelou a viagem após a descoberta do balão espião.
As autoridades chinesas indicaram que o balão realiza pesquisas meteorológicas e que se desviou da sua rota, tendo pedido desculpas aos Estados Unidos..
Situação delicada para China
Dennis Wilder, ex-analista da China na CIA, disse ao chefe do Escritório da VOA junto do Departamento de Estado, Nike Chang, que o incidente ocorre num momento delicado para o líder da China.
“O Presidente Xi Jinping está no que eu chamaria de uma ofensiva de charme agora, que começou depois de as restrições à Covid-19 terem sido levantadas”, afirmou Wilder, para quem “ele quer dizer ao mundo que a China está aberta para negócios novamente e quer muito ver os investidores americanos de regresso”.
Aquele analista em segurança disse acreditar que o incidente desencadeará uma nova roda de tensão entre os os dois países.
“Se os Estados Unidos conseguirem recuperar do oceano informações que mostrem que essa foi de facto uma missão de espionagem e não uma missão meteorológica e mostrem essa evidência aos chineses, vamos constranger os chineses. Podemos muito embaraçar o Exército Popular de Libertação e, portanto, acho que será difícil administrar, principalmente se os Estados Unidos divulgarem essas informações publicamente. Portanto, haverá um período tenso aqui”, conclui Dennis Wilder.
O Governo americano revelou que outro balão chinês está a sobrevoar a América Latina.
Fórum