Os processos e mudanças sociais são graduais e não devem ser alvo de condenação enquanto decorrem porque há que analisar a tendência deles.
A opinião é de Pedro Pires, antigo Presidente e primeiro-ministro de Cabo Verde, prémio Mo Ibrahim e comandante da luta pela independência do seu país, ao analisar a situação de vários países africanos que vivem momentos de transição, alguns deles até muito criticados pela longa permanência dos seus governantes no poder.
Neste Dia de África, 25, o homem que dirigiu o processo de abertura política de Cabo Verde em 1990/1991, considerado até hoje um sucesso no continente, prefere ser “prudente e não condenar porque os processos são humanos e devem ser analisados pela tendência, mesmo que os resultados num momento não sejam os desejados”.
Na conversa com a VOA, Pedro Pires aponta os vários desafíos que os países africanos enfrentam, com destaque para a segurança, cuja ameaça vem, segundo ele, do Jihaidismo.
“É um problema que os países devem enfrentar através da cooperação regional e continental porque é um elemento perturbador de qualquer projecto político”, explica o Comandante, que, no entanto, também elenca outros desafios como a insegurança alimentar, a infraestruturação do continente, a electrificação, a produção e a distribuição das riquezas.
O também presidente do Instituto Pedro Pires para a Liderança, que tem apostado na formação de quadros, aponta a qualidade dos recursos humanos como uma das principais ferramentas para o desenvolvimento de África, que, para ele, também necessita de pensadores, que saiam das universidades e dos centros de investigação.
“A África deve ver-se através das suas próprias lentes e não de outros”, advoga aquele estadista, discorrendo, durante a entrevista, sobre outros temas, como a fuga ilícita de capitais do continente.
Acompanhe a entrevista: