Alguns analistas alertam para o risco de a província moçambicana de Cabo Delgado ser o ponto de entrada do jihadismo na África austral, e defendem o envolvimento dos países vizinhos da região no combate à insurgência.
O envolvimento de países vizinhos e da comunidade internacional na luta contra terroristas em Cabo Delgado havia sido defendido pelo chefe do comando norte-americano de Operações Especiais em África, Dagvin Anderson, realçando, no entanto, que a resposta aos ataques deve ser liderada por Moçambique.
"É importante e urgente a participação dos vizinhos, porque a ameaça que vem do norte de Moçambique é também ameaça para a região", considerou Adriano Nuvunga, director do Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD).
Nuvunga avançou que Cabo Delgado "pode ser o ponto de entrada do jihadismo (...) por isso é importante que os países vizinhos se juntem a Moçambique, em antecipação, como forma de evitar o alastramento dessa agrassão à nossa região".
Para o presidente do Partido para a Paz, Democracia e Desenvolvimento (PDD), Raúl Domingos, o que está a acontecer em Cabo Delgado "é terrorismo puro, que tem por detrás o tráfico de drogas e a exploração de recursos minerais e energéticos", que abundam naquela província.
De acordo com aquele político, "tendo em conta que se trata de terrorismo, há convenções internacionais para o seu combate que devem ser usadas, e a colaborações dos paízes vinhos de Moçambique nesse combate é fundamental".
Raúl Domingos realçou que "tanto quanto se sabe, alguns insurgentes entram em Moçambique através da fronteira com a Tanzania e outros via marítima; e a começar por cabo Delgado, o terrorismo pode atingir todos os outros países da África Austral, pelo que é importante que se extinga logo no ponto de partida".
Entretanto, o académico Calton Cadeado afirma que alguns países vizinhos até cooperam com Moçambique, só que essa cooperação ainda não está implementada na sua plenitude.
Refira-se que Dagvin Anderson defendeu que Moçambique tem de tomar a liderança no combate à insurgência, "mas é preciso envolver vários países da região, entre os quais a Tanzania e o Malawi, porque o terrorismo vai atravessar fronteiras e procurar refúgio onde puder, para continuar a desestabilizar a região".